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    Projeto no futebol é parte da meta de novas profissões para índios

    ELIANO JORGE
    DE SÃO PAULO

    20/01/2014 12h00

    Os dirigentes do paraense Gavião Kyikatejê, do equatoriano Mushuc Runa e das suas respectivas comunidades apostam na educação para que os jovens índios tenham um futuro melhor.

    Não pretendem apenas formar jogadores indígenas nas suas categorias de base. Seus planos são permitir oportunidades às novas gerações em várias áreas.

    "Vivemos acima de 3.200 m de altitude, sofremos com a discriminação. É preciso diversificar as profissões dos indígenas", avaliou para a Folha o presidente vitalício do Mushuc Runa, o advogado Luis Alfonso Chango.

    Seu pensamento coincide com o do presidente do clube paraense, o cacique Pepkrakte J. Ronoré Konxarti, conhecido como Zeca Gavião.

    "A gente precisa de índios formados em educação física, medicina, direito, fisioterapia. Já existem alguns, e uns 40 entraram na universidade em Marabá com cotas [raciais]. Estou capacitando meu povo para ele saber reivindicar", contou.

    Ele próprio investiu no aprendizado formal. Fez um curso de treinador, em que assistiu a palestras de Felipão e Tite, para comandar o time dos Kyikatejê-Gavião.

    O endereço do clube é "Aldeia Kyikatejê, sem número". Fica à beira da BR-222, em Bom Jesus do Tocantins, na zona metropolitana de Marabá, no sudeste do Pará, uma das regiões mais violentas do mundo por causa dos conflitos de terra.

    O cacique calcula que cerca de 200 nativos vivem na sua aldeia. E, ao todo, aproximadamente 600 na Reserva Mãe Maria, em cinco aldeias de três etnias.

    Zeca Gavião relata confrontos com invasores entre 1979 e 1986, quando foi demarcada a área dos índios.

    A Companhia Vale do Rio Doce paga indenização milionária aos povos locais por causa dos danos ambientais da Estrada de Ferro Carajás, que corta a reserva.

    Agora o governo federal quer construir uma hidrelétrica na região da terra indígena.

    "Estamos em discussão, queremos fazer um pré-estudo. Temos várias histórias assim, inclusive comigo em Tucuruí, quando precisei sair de lá ainda criança por causa da usina", disse Zeca Gavião.

    "Como fazer esse progresso? Como trabalhar a questão indígena? Precisa de planejamento estratégico e plano de vida para o povo indígena. No futuro vai existir indígena ou vai acabar?", discute o cacique.

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