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    Rio de Janeiro

    Potências já vão atrás das sedes e começam a briga pela Rio-2016

    PAULO ROBERTO CONDE
    DE SÃO PAULO

    20/01/2014 03h03

    Ainda restam 928 dias para o início dos Jogos do Rio-2016, mas para as principais potências esportivas o cronômetro disparou há tempos.

    Estados Unidos, Austrália, França, Rússia e Reino Unido têm disputado clubes e centros esportivos nacionais para formar seus "quartéis", onde farão a parte final da preparação para o evento.

    A maior procura é no Sul e no Sudeste brasileiro. Além do Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Vitória e Porto Alegre são outras cidades visadas.

    Os britânicos vão abrigar atletas de oito esportes no Minas Tênis Clube. Dirigentes europeus já fizeram dez visitas ao local entre abril de 2012 e novembro passado, segundo contou a assessora científica do clube, Izabel Rohlfs.

    O valor do "aluguel" é de cerca de R$ 10 milhões, mas os sócios poderão frequentar o clube no período.

    O esquema de segurança será o mesmo usado pela cidade de Belo Horizonte na Copa do Mundo da Fifa, com participação de todos os entes governamentais.

    Um treinamento em menor escala foi feito em outubro para "proteger" o presidente da BOA, Sebastian Coe, que veio assinar acordo.

    Além de poderem usar a estrutura por um mês entre julho e agosto de 2016, atletas terão direito a fazer temporadas no clube a partir de 2014.

    "A equipe britânica de canoagem deve começar a treinar já em 2014", disse Izabel.

    A maior potência olímpica do planeta vai se alojar no clube mais popular do país.

    Estados Unidos e Flamengo assinaram acordo há três anos, mas o remodelaram em 2013. "O contrato era muito restrito e dava mais obrigações ao clube do que ajuda financeira", disse o vice-presidente de esportes olímpicos, Alexandre Póvoa, à Folha.

    Na renegociação, ficou acertado que o Comitê Olímpico Americano (Usoc, em inglês) bancará as reformas nas dependências do clube, em um investimento que poderá atingir R$ 10 milhões.

    "O Usoc tem alguns locais específicos para uso, como o ginásio e o campo de futebol. Eles vão construir uma arena de lutas, reformar todo o espaço do tênis e os vestiários."

    O espaço será cedido aos americanos por três meses em 2016, já que vale também para a Paraolimpíada.

    Todo o esquema de segurança será operado pelos visitantes, que trarão suas próprias forças para proteção.

    Mesmo com todo esse "exército" a caminho, o contrato não é de exclusividade.

    Os espaços não usados pelos EUA podem ser locados para outras delegações.

    A única exigência feita pela superpotência é que ela seja avisada em caso de proposta. Daí, tem uma semana para cobrir a oferta pelo local.

    É exatamente o que a China não deseja. O país, maior ameaça aos EUA no quadro de medalhas, procurou o Clube Pinheiros, em São Paulo, em meados de 2013. Mas queria total exclusividade. "Isso é um impeditivo, mas ainda negociamos com eles", disse o presidente do clube, Luís Eduardo Dutra Rodrigues.

    A Austrália deve escolher o Espírito Santo como base.

    A badalada equipe de natação e o time de triatlo do país treinarão no Coes (Centro Olímpico do Espírito Santo), que fica em Vitória.

    A vinda dos nadadores fez com que o projeto original do parque aquático fosse alterado. Em vez de uma piscina olímpica, de 50 m, também será construída uma de 25 m.

    "O impacto da vinda dos australianos deve ser tão grande que, durante a estadia, teremos linhas diretas de transporte e novos restaurantes e hotéis", afirmou Helvio Affonso, diretor do Coes.

    "A escolha deles pelo Espírito Santo se deu muito por conta da temperatura, muito semelhante à que vão encontrar no Rio", completou.

    Se a temperatura ajuda no Sudeste, prejudica no Sul.

    Grêmio Náutico União e Sociedade Ginástica de Porto Alegre (Sogipa), tradicionais clubes gaúchos, não têm negociações avançadas.

    Um dos motivos pode ser as baixas temperaturas em julho. "Ainda não temos nada engatilhado, mas estamos treinando nossos funcionários com cursos de inglês e esportes", disse Alexandre Algeri, diretor da Sogipa.

    Responsáveis pela natação francesa, pelo remo australiano e pela canoagem japonesa visitaram o Grêmio Náutico no ano passado. Destes, a tratativa mais auspiciosa é com os orientais, que mandaram 12 atletas para treinarem no clube em março.

    QG DO BRASIL

    O Brasil também terá seu quartel-general para os Jogos. Será na Fortaleza de São João, na Urca.

    O local é propriedade do Exército, mas será alugado pelo Comitê Olímpico Brasileiro antes da competição.

    SAIBA MAIS

    Todos os clubes e centros esportivos que quiseram se candidatar a receber delegações tiveram de passar por um processo seletivo que durou 12 meses e foi conduzido pela organização da Rio-2016.

    Eles tiveram de cumprir requisitos estabelecidos por federações internacionais: distância de aeroportos com voos domésticos e rede hoteleira e hospitalar disponível nas proximidades estavam entre eles.

    Atualmente, há disponibilidade de 170 instalações esportivas em 70 cidades.

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