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    Brasil simula bobsled com carrinho de mercado antes de Jogos Olímpicos

    ISABELA PALHARES
    DE RIBEIRÃO PRETO

    26/01/2014 01h34

    O trenó é improvisado com qualquer objeto, seja um carrinho de carregar colchões, de supermercado e até mesmo um carro ou moto.

    O pedreiro Odirlei Carlos Pessoni, 30, e o personal trainer Fábio Gonçalves Silva, 36, ambos de Franca, usam esses "equipamentos" na fase de treinos para defender o Brasil no bobsled (descida de trenó no gelo em alta velocidade) nos Jogos Olímpicos de Sochi, na Rússia.

    Eles disputavam provas de atletismo na cidade quando fizeram teste para integrar o quarteto brasileiro (os outros atletas são Edson Bindilatti, de São Paulo, e Edson Martins, de Marília).

    "A única vez em que eu tinha visto bobsled foi no filme `Jamaica Abaixo de Zero', mas logo no primeiro treino adorei", disse Pessoni, que competiu pela primeira vez em 2009, mas não obteve classificação para os Jogos Olímpicos de Vancouver.

    O filme, de 1993, narra a participação do país nos Jogos Olímpicos de Inverno de Calgary, em 1988, marcada pela falta de apoio e a condição climática adversa. A história se assemelha à situação enfrentada pelos brasileiros.

    Márcia Ribeiro/ Folhapress
    Odirlei Pessoni (à esq.) e Fábio Silva treinam com carrinho improvisado, em Franca (SP)
    Odirlei Pessoni (à esq.) e Fábio Silva treinam com carrinho improvisado, em Franca (SP)

    Pessoni voltou a competir em 2013, e convidou Silva. Sem patrocínio e infraestrutura, a dupla adaptou os treinos de atletismo para o bobsled e buscou alternativas para simular o trenó.

    "Nós treinamos com qualquer coisa, até empurrar carro nos ajuda", disse Pessoni. "Tinha feito um trenó, uma espécie de carrinho de rolimã com um carrinho de supermercado, mas vendi nesta semana para ajudar em casa."

    Apesar de não terem nenhum patrocínio, a dupla disse que o incentivo e a cobrança da torcida são grandes.

    "A gente vai beber uma cerveja ou treinar, todo mundo fica sabendo e nos cobra", afirmou Silva. "Mas é bom, a gente serve de exemplo para a molecada."

    Além da resistência ao frio, já que as competições normalmente ocorrem em locais com temperatura de ao menos -10ºC, e em Franca eles enfrentam 30ºC, os atletas contaram que o esporte exige três características: agilidade, força e burrice.

    "Só sendo burro para descer com essa velocidade no gelo e não desistir", brincou Silva. "Não é coragem não, é burrice mesmo."

    Apesar das dificuldades, os atletas disseram que já conquistaram seu sonho, de representar o país em uma Olimpíada. Agora, o objetivo é mais humilde, mas não menos trabalhoso.

    "Queremos nos classificar entre as 20 primeiras, das 30 participantes", disse Silva. "As outras são equipes muito fortes, que se preparam com toda a infraestrutura. Vai ser difícil."

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