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    Time do Peru deve ser punido por racismo de torcedores

    MARCEL RIZZO
    DE SÃO PAULO

    14/02/2014 03h29

    O Real Garcilaso, do Peru, será julgado pelo Tribunal Disciplinar da Conmebol pelos atos racistas da torcida presente no estádio de Huancayo contra o jogador brasileiro Tinga, do Cruzeiro. A data ainda será marcada, mas deve ocorrer em fevereiro.

    Anteontem à noite, Tinga entrou em campo aos 20 min do segundo tempo na derrota do Cruzeiro por 2 a 1 para o Garcilaso, em Huancayo, a 300 km de Lima.

    Sempre que o jogador tocava na bola, a torcida fazia gestos e sons imitando macacos.

    "Eu trocaria todos os meu títulos pelo fim do preconceito. Trocaria por um mundo com igualdade entre todas as raças", disse Tinga.

    Em virtude do caso, a presidente Dilma saiu em defesa de Tinga no Twitter, e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, ligou para o presidente da Conmebol, Eugenio Figueredo, pedindo punição.

    A clareza dos atos racistas nas imagens e nos áudios torna a punição iminente, mas provavelmente não resultará em perda de ponto ou exclusão do time peruano da Libertadores, como chega a prever o estatuto da Conmebol.

    A Folha apurou que a orientação do Comitê Disciplinar da Fifa, que serve de base para as confederações, em casos de racismo envolvendo torcedores é o de, na primeira vez, punir o clube com multa e obrigá-lo atuar com portões fechados.

    Apenas na reincidência o clube é punido mais severamente, com perda de pontos, rebaixamento e até eliminação da competição.

    Cinco casos de racismo julgados por Fifa e pela Uefa (União Europeia de Futebol), em 2013, semelhantes ao de Tinga, resultaram em jogos com portões fechados.

    No ano passado, o combate ao racismo foi considerado prioridade para a Fifa, que criou um código com as possíveis punições.

    INEDITISMO

    Esta será a primeira vez que o Tribunal Disciplinar da Conmebol, criado em 2012, julgará um caso de racismo, por isso não há jurisprudência no continente em relação a fatos como esse.

    O tribunal é presidido por um brasileiro, o advogado Caio César Vieira Rocha, que também é o vice-presidente do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva). Por ser brasileiro, Rocha não participará do julgamento que envolve o Cruzeiro.

    O primeiro caso de repercussão do tribunal, no ano passado, foi a morte do boliviano Kevin Espada, atingido por um sinalizador lançado por torcedores corintianos em um jogo ante o San Jose.

    O Corinthians foi obrigado a jogar com portões fechados toda a Libertadores. Depois, os torcedores do time foram proibidos em jogos que não tinham o mando de campo do clube paulistano.

    Luka Gonzales/AFP
    Tinga (dir.), do Cruzeiro, disputa bola com Ramon Rodriguez, do Real Garcilaso
    Tinga (dir.), do Cruzeiro, disputa bola com Ramon Rodriguez, do Real Garcilaso
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