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    Após quase dois anos, mortes em briga campal continuam impunes

    DE SÃO PAULO

    27/02/2014 03h17

    No caso mais emblemático de briga de torcidas recentemente, dez integrantes das organizadas Gaviões da Fiel e Mancha Alviverde foram presos após duas mortes.

    Menos de dois anos depois, todos eles estão soltos, e as investigações não terminaram.

    Em 25 de março de 2012, antes do clássico entre Corinthians e Palmeiras pelo Campeonato Paulista, cerca de 300 pessoas se enfrentaram com armas de fogo, paus, pedras e barras de ferro na avenida Inajar de Souza, na zona norte de São Paulo, a 8 km do estádio do Pacaembu.

    Morreram André Alves Lezo, 21, baleado na cabeça, e Guilherme Vinícius Jovanelli Moreira, 19, com traumatismo craniano, ambos ligados à Mancha Alviverde.

    O confronto havia sido combinado pela internet sob clima de vingança pelo assassinato do corintiano Douglas Silva, 27, cujo corpo foi encontrado no Rio Tietê em agosto de 2011.

    Pela briga de 2012, foram indiciadas oito pessoas. Entre elas, Tiago Lezo, irmão de uma das vítimas, André. Outro irmão deles, Lucas Lezo, era vice-presidente da Mancha e tinha sido baleado em embate com corintianos no ano anterior.

    Apu Gomes - 26.mar.2012/Folhapress
    Enterro do torcedor do Palmeiras Andre Alvez Lezo em março de 2012
    Enterro do torcedor do Palmeiras Andre Alvez Lezo em março de 2012

    SOLTOS

    Em janeiro deste ano, o inquérito sobre a briga de 2012 foi encaminhado pelo Ministério Público à Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância) para investigações adicionais.

    Ninguém continuou na cadeia. "Por excesso de prazo, falta de prova ou porque não tinham nada a ver com o caso", disse o advogado da Gaviões, Davi Gebara Neto.

    Entre os presos, o último a ser libertado pela Justiça foi Carlos Roberto de Brito Júnior, conhecido como Neguinho da Gaviões. Aconteceu na véspera da invasão da sua organizada ao centro de treinamento do Corinthians, em janeiro deste ano.

    Ele havia sido preso em outubro por causa de outro confronto, entre corintianos e são-paulinos, em 2013, em Carapicuíba.

    "Não vejo interesse e disposição do Estado em combater esse problema, estou cansado", afirmou o promotor do Ministério Público Paulo Castilho, que lidou com este tema em São Paulo entre 2006 e 2011.

    "Temos legislação suficiente de banimento e prisão [de torcedores violentos]. Se quiser, o Estado consegue vencer", opinou.

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