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    Natação feminina adota planejamento para superar vexame olímpico

    PAULO ROBERTO CONDE
    ENVIADO ESPECIAL A SANTIAGO

    08/03/2014 03h47

    O abismo entre os sexos na natação brasileira atingiu seu ápice durante os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012.

    Enquanto os homens ganharam duas medalhas, com Thiago Pereira (prata) e Cesar Cielo (bronze), as mulheres nem participaram de finais.

    No programa federal Bolsa Pódio, que premia os 20 primeiros no ranking mundial com remuneração de até R$ 15 mil, os homens têm nove; as mulheres, nenhuma.

    O desempenho feminino fez com que a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) ligasse o alerta.

    Depois dos Jogos, a entidade escolheu o técnico Fernando Vanzella, hoje no Sesi-SP, para cuidar permanentemente da equipe de mulheres.

    Uma de suas primeiras medidas foi separar as programações masculina e feminina, praticamente idênticas.

    Em seguida, ele formou uma equipe multidisciplinar mais antenada com as necessidades das mulheres.

    "Contratamos uma ginecologista [Tathiana Parmigiano, ex-atleta], uma psicóloga e outros especialistas", afirmou Vanzella. "As mulheres têm necessidades diferentes, e isso não era visto", completou.

    Como o pós-Londres também ensejou o fim da carreira de veteranas como Joanna Maranhão e Fabíola Molina, uma nova geração emergiu.

    Algo parecido ocorreu no judô. Com trabalho de reposição iniciado em 2006, a equipe feminina obteve nos tatames de Londres-2012 mais medalhas que os homens, tradicionalmente mais fortes –quatro contra duas.

    Boa parte da nova geração da natação feminina está nos Jogos Sul-Americanos de Santiago, que começaram ontem.

    Diferentemente do masculino, o time feminino não é dominante no continente. E por isso o torneio é importante.

    "A ideia foi trazer nossos maiores talentos para sentir o clima de uma torneio multiesportivo", disse o técnico.

    A maior expoente do time é Etiene Medeiros, 22, quarta colocada nos 50 m costas –prova não-olímpica– no Mundial de Barcelona, em 2013. Outro destaque é a velocista Alessandra Marchioro, 20, que representou o país nos 50 m e 100 m livre no último Mundial de Barcelona.

    Etiene nem é mais uma novata, mas faz parte do que Vanzella considera o ciclo de renovação.

    A média de idade da equipe no Chile é de 21 anos.

    A mais jovem é Nathália de Luccas, com 17. A mais velha é Juliana Marin, com 30 –única com mais de 24.

    O próprio Vanzella reconhece que uma medalha na Rio-2016 seria um salto muito grande. Mas a renovação pode vingar a longo prazo.

    "Essas jovens são talentosas, mas faltava confiança. Fiz um estudo que apontou que a maioria das medalhas em Mundiais sai para atletas entre 20 e 27 anos. Vamos trabalhar essa faixa", disse.

    O time vai fazer um estágio de treinamento em Flagstaff, nos EUA, ainda este ano, em outra atividade inédita.

    O repórter PAULO ROBERTO CONDE viaja a convite do Comitê Olímpico Brasileiro

    Satiro Sodré/SSPress
    Alessandra Marchioro,20, treina para os Jogos Sul-Americanos
    Alessandra Marchioro,20, treina para os Jogos Sul-Americanos
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