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    Palco dos Jogos Sul-Americanos "esquece" façanhas brasileiras

    PAULO ROBERTO CONDE
    ENVIADO ESPECIAL A SANTIAGO

    08/03/2014 13h51

    Para os íntimos, o estádio Julio Martínez Pradanos, fincado no coração de Santiago, atende por Estádio Nacional.

    O Brasil pode se considerar próximo dele. Duas das mais importantes conquistas esportivas da história do país foram obtidas nele: a Copa do Mundo de 1962 e o Mundial masculino de basquete, em 1959.

    Mas o fã que quiser conferir de perto pouco terá a ver.

    As marcas que ligam a pátria canarinho ao "coliseu", como o estádio é conhecido na cidade, foram apagadas ao longo do tempo. "Não temos mais artigos daquela época", disse o administrador da arena, Luciano Rojas Alarcón.

    Felipe Trueba/Efe
    Equipe de patinação da Venezuela treina em frente ao Estádio Nacional, em Santiago, no Chile
    Equipe de patinação da Venezuela treina em frente ao Estádio Nacional, em Santiago, no Chile

    Ou seja, relíquias e fotos de dribles de Garrincha na final contra a Tchecoslováquia e cestas de Wlamir Marques e Amaury Pasos não fazem parte do dia a dia do estádio, que também nunca teve um museu para contar seus 75 anos de vida.

    Algumas reminiscências olímpicas ficam a cargo do Comitê Olímpico do Chile, que tem um acervo na capital.

    O Nacional passou por duas grandes repaginações em sua vida. Uma em 1962, para receber a Copa que seria vencida pelo Brasil, e outra recentemente, para sediar os Jogos Sul-Americanos, evento do qual é a principal instalação.

    No torneio continental, quase todas as arenas ficam à sua volta -ginástica, tênis e patinação são as mais próximas.

    DITADURA

    O Nacional, palco de grandes façanhas esportivas e que ostenta o título de monumento chileno, também foi o cenário de um dos momentos mais terríveis da história do país.

    Entre 11 de setembro e 21 de dezembro de 1973, durante o golpe de estado que derrubou o então presidente Salvador Allende, o estádio foi uma casa de detenção para cerca de 40 mil pessoas.

    A ditadura imposta pelo general Augusto Pinochet aprisionou, torturou e matou os detidos. Curiosamente, assim como as relíquias da Copa de 1962 e do Mundial de basquete de 1959, a crueldade da ditadura também parece ter sido esquecida por alguns.

    Na página oficial do Nacional, há apenas uma menção de um parágrafo ao golpe.

    O repórter PAULO ROBERTO CONDE viaja a convite do Comitê Olímpico Brasileiro

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