O australiano Scott Volkers terá dois anos e cinco meses de muito trabalho até os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.

Conforme a Folha antecipou, ele será o treinador do nadador Cesar Cielo, tricampeão mundial dos 50 m livre, a partir da próxima semana.

Cielo foi confirmado nesta segunda-feira oficialmente como atleta do Minas Tênis Clubes, de Belo Horizonte. Ele estreará pela equipe no Troféu Maria Lenk, em abril, em São Paulo.

Volkers substituirá o norte-americano Scott Goodrich, com quem Cielo trabalhava desde 2013. Sob Goodrich, Cielo levou o ouro nos 50 m livre e nos 50 m borboleta no Mundial de Barcelona.

Mas o norte-americano, graças ao sucesso, começou a receber propostas de diversas universidades, o que gerou a separação da parceria.

Na segunda-feira, Volkers, que compôs a comissão técnica do Brasil nos Jogos Sul-Americanos de Santiago, no Chile, falou pela primeira vez sobre o novo pupilo.

Veterano de Olimpíadas e chefe de natação no Minas, ele acredita que Cielo tem condições de voltar a treinar seriamente para os 100 m livre.

	Eduardo Kanpp-24.set.2013/Folhapress
	O nadador brasileiro Cesar Cielo participa de um treino

Recordista mundial da prova (46s91), o nadador brasileiro disse após os Jogos de Londres que abdicaria dela para se concentrar nos 50 m livre.

Confira a entrevista.

Folha - Como ocorreu o acerto com o Cesar Cielo?
Scott Volkers - Não o conheço ainda direito. Tivemos só uma conversa frente a frente, quando ele treinou no Minas. Cesar é um grande atleta, tem muitas habilidades e está em um momento da carreira em que deseja ter pessoas ao seu lado para ajudá-lo no treino, para criar uma boa atmosfera para o Rio de Janeiro. Não sei direito toda a historia da ida dele para o Minas, vou saber mais agora.

Ele procurou o clube?
Cesar contatou o diretor do Minas [Carlos Antônio da Rocha]. Foi ideia dele. Dissemos a ele que não poderíamos tratá-lo com exclusividade, porque o Minas tem uma equipe grande. Mesmo assim, ele disse "ok" e entendeu. Mas quem sabe é isso o que ele quer, ter gente ao seu redor. O Minas está empolgado com isso, com a experiência que ele traz.

Como será o dia a dia de vocês: ficarão mais no Brasil, ir para o exterior?
Não sei muito ainda. Mas acredito que ele vai ficar mais no Brasil. As únicas viagens serão para competir ou treinar. É o que penso no momento. Mas queremos dar o que ele precisa. Ele é um grande atleta, especial para o Brasil.

Cielo disse que iria parar de nadar os 100 m livre, do qual é recordista mundial. Mas ele não poderia ao menos nadar revezamentos?
Na minha opinião ele tem total possibilidade de nadar revezamentos. Mas tudo dependo do programa que traçarmos e de como ele se sentir. Gostaria de vê-lo treinando para os 100 m livre também. Mas é óbvio que o principal objetivo está nos 50 m livre. Durante o encontro que tivemos, ele mencionou os revezamentos também, o que é um bom sinal. vamos ver. Vamos discutir como ele se sente.

Durante a conversa que vocês tiveram em Belo Horizonte, ele fez algum pedido especifico?
Não. Só falamos do treinamento em geral. Eu passei para ele algumas ideias que tenho, coisas em que eu confio quanto à parte técnica. Não vou vou reinventar a roda com ele. Não sei o que ele fez no passado, mas pode ser que o que eu faço seja diferente. Vamos ter de nos adaptar. Não será só estalar os dedos.

E ele vai competir pelo Minas já no Troféu Maria Lenk, em abril?
Na verdade, ele começa já nesta quinta-feira no Minas. Quem sabe já não começamos no fim da semana? Será um trabalho interessante.

O repórter PAULO ROBERTO CONDE viaja a convite do Comitê Olímpico Brasileiro