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    Banco do Brasil ameaça cortar patrocínio ao vôlei após 23 anos

    DE SÃO PAULO

    17/03/2014 15h01

    Alan Marques - 20.out.10/Folhapress
    Em 2010, o presidente Lula recebe no Palácio do Planalto, a seleção de vôlei tricampeã mundial ao lado do presidente da CBV, Ary Graça (à esq.) e do presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine
    Em 2010, o presidente Lula recebe, no Palácio do Planalto, a seleção de vôlei tricampeã mundial ao lado do presidente da CBV, Ary Graça (à esq.) e do presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine

    O Banco do Brasil, após 23 anos de parceria, ameaça cortar o patrocínio à CBV (Confederação Brasileira de Vôlei).

    Nesta segunda-feira, o banco estatal divulgou um comunicado afirmando que "não irá compactuar com qualquer prática ilegal, ou que seja prejudicial ao esporte, eventualmente cometida pelas entidades com quem mantém contratos de patrocínio".

    Reportagens da ESPN mostraram que duas empresas de ex-dirigentes da confederação receberam R$ 10 milhões cada uma em comissões para intermediação de contratos de patrocínio com o Banco do Brasil.

    Este não é o primeiro posicionamento do Banco do Brasil em relação às denúncias feitas pela ESPN. Mas antes o banco apenas dizia que pediria explicações para a CBV. Agora, o banco diz que "condiciona a manutenção do apoio ao vôlei ao pronto esclarecimento dos fatos denunciados e à imediata adoção de medidas corretivas".

    O atual acordo da CBV com o Banco do Brasil vai até 30 de abril de 2017 e prevê confidencialidade em relação ao valor do patrocínio. Os valores não são revelados. O primeiro contrato entre as parte é de 1991 e o mais recente foi assinado em 2012.

    Na sexta-feira passada, a CGU (Controladoria-Geral da União) determinou abertura de investigação sobre contratos assinados entre a CBV e o Banco do Brasil, com base em denúncias da ESPN.

    Os contratos serão auditados pela Secretaria Federal de Controle Interno, que deve definir em breve o cronograma e quais serão os primeiros passos da investigação, segundo o o ministro-chefe da CGU, Jorge Hage.

    A CBV já havia anunciado que vai contratar uma auditoria externa para avaliar os contratos da gestão de Ary Graça Filho, 70, que renunciou na semana passada ao cargo que ocupava desde 1997.

    Em nota, Graça negou todas acusações e disse que sua saída do cargo não está relacionada às denúncias.

    Ele estava licenciado da entidade desde que assumiu a presidência da FIVB (Federação Internacional de Vôlei), em setembro de 2012. Graça ainda tinha influência nas decisões da CBV.

    Na primeira denúncia, a ESPN mostrou que a empresa SMP, do ex-superintendente geral da CBV Marcos Pina, recebeu R$ 10 milhões para intermediar contratos, como o do Banco do Branco, patrocinador da seleção nacional. Pina foi afastado do cargo após a revelação do caso.

    O banco e a CBV disseram que o contrato foi assinado diretamente entre as partes, sem intermediários. O Banco do Brasil também disse que "solicitou explicações à CBV e aguarda resposta".

    A segunda denúncia diz que a empresa S4G Gestão de Negócios, de Fábio Dias Azevedo, atual diretor geral da FIVB, recebeu outros R$ 10 milhões por dois contratos de prestação de serviços e assessoria comercial.

    CONFIRA ÍNTEGRA DA NOTA DO BANCO DO BRASIL

    Em relação às denúncias envolvendo a Confederação Brasileira de Vôlei, o Banco do Brasil esclarece que não irá compactuar com qualquer prática ilegal, ou que seja prejudicial ao esporte, eventualmente cometida pelas entidades com quem mantém contratos de patrocínio. O Banco condiciona a manutenção do apoio ao vôlei ao pronto esclarecimento dos fatos denunciados e à imediata adoção de medidas corretivas.

    O Banco do Brasil já solicitou esclarecimentos à CBV imediatamente após a divulgação dos primeiros fatos e aguarda as respostas da entidade para avaliar os desdobramentos relativos ao contrato de patrocínio.

    Apesar de não ter responsabilidade legal ou contratual para fiscalizar a aplicação dos recursos do patrocínio, o Banco do Brasil entende que é necessário a CBV adotar novas práticas de gestão que tragam mais transparência para a aplicação dos recursos e, por exemplo, vedem a contratação de empresas que eventualmente tenham como sócios dirigentes da Confederação.

    O Banco do Brasil apoia o vôlei brasileiro há 23 anos, período em que o Brasil, nesta modalidade esportiva, conquistou 19 medalhas olímpicas e mais de 50 títulos mundiais na quadra e na areia, em todas as categorias.

    Patrícia Santos - 8.jan.97/Folhapress
    Ary Graça Filho (à esq.) abraça Carlos Arthur Nuzman ao assumir a CBV em 1997
    Ary Graça Filho (à esq.) abraça Carlos Arthur Nuzman ao assumir a CBV em 1997

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