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    Time do Penapolense, de Sabrina Sato, custa menos do que salário de Pato

    ELIANO JORGE
    DE SÃO PAULO

    28/03/2014 03h09

    "Gostaria de agradecer e parabenizar a todo Clube Atlético Penapolense pelo desempenho maravilhoso", disse nesta quinta-feira Sabrina Sato, conterrânea do clube e neta do ex-presidente Kemil Rahal.

    Ao dar o título de embaixadora do time à apresentadora de TV no ano passado, o Penapolense buscava a visibilidade que não tinha.

    Desde quarta-feira, no entanto, ela não é mais a principal vitrine do time.

    Após bater o São Paulo nos pênaltis e, surpreendentemente, chegar às semifinais do Campeonato Paulista, o Penapolense tem agora no desempenho dos seus jogadores dentro de campo a sua melhor propaganda, apesar dos investimentos modestos e da pouca pretensão inicial.

    Com menos de 60 mil habitantes, Penápolis, a 480 km de São Paulo, estreou no Paulista no ano passado. Pelo segundo ano seguido, sua equipe avançou ao mata-mata.

    No domingo, às 16h, por vaga na decisão, enfrentará o melhor time da competição, o Santos, na Vila Belmiro.

    Divulgação
    A apresentadora Sabrina Sato com camisa e boné do Penapolense
    A apresentadora Sabrina Sato com camisa e boné do Penapolense

    O VALOR DE PATO

    Fundado em 1944, o clube estava na terceira divisão estadual até 2011.

    No ano passado, voluntários ajudaram funcionários da prefeitura a pintar o estádio municipal Tenente Carriço antes da estreia no Paulista.

    Salários de jogadores e comissão técnica custam R$ 400 mil mensais ao Penapolense. É quanto o Corinthians paga por mês pelo atacante Pato, que está no São Paulo ­–o valor total vai além disso.

    "Fomos o primeiro clube do Paulista a iniciar a preparação, em 5 de novembro", contou o gerente de futebol do Penapolense, Paulo de Carvalho.

    O time tricolor, porém, temia o rebaixamento.

    Perdeu três dos quatro jogos iniciais. Depois ganhou cinco partidas consecutivas. E, desde então, está em jejum de sete rodadas. Foram cinco derrotas e dois empates.

    Para o técnico Narciso, 40, ex-zagueiro do Santos e da seleção brasileira, a série negativa não resultou em um momento ruim. Pelo contrário.

    "Tiramos Corinthians e São Paulo", argumentou, citando empates sem gols que eliminaram a dupla.

    "Jogamos sem vários titulares, o que fez falta na sequência de derrotas", disse ele, acostumado às reviravoltas –no campo e fora dele.

    Nos anos 2000, ele se notabilizou por voltar a jogar futebol após se recuperar de uma leucemia.

    "Temos dificuldade de reposição [de atletas]. Com time completo, tivemos bons resultados", disse o presidente Nilso Moreira. "Alguns ainda não são jogadores prontos para um torneio tão forte".

    Apesar do sucesso, os números do Penapolense não são vistosos. Trata-se do terceiro pior ataque da fase de grupos, ao lado do lanterna Paulista, com 14 gols.

    Entre os oito classificados, foi a equipe que somou menos pontos, 19, quatro a menos do que o próximo da lista, o Bragantino. Fez apenas a 13ª melhor campanha entre os 20 clubes do campeonato.

    Mas só o Penapolense, que perdeu por apenas 1 a 0 do Palmeiras no Pacaembu, conseguiu derrotar o Santos. Goleou por 4 a 1 em casa.

    "Foi fantástico, isso traz uma confiança a mais para enfrentá-lo na Vila Belmiro. Mas foi um jogo totalmente diferente, não era mata-mata", afirmou Narciso.

    "Não vamos mudar nada do que temos feito. Vamos marcar forte e sair para jogar", prometeu o técnico.

    Ele garante que seus jogadores não se contentaram com a chegada à semifinal e se mantêm motivados.

    "Tivemos uma conversa sobre o que podemos conquistar, mesmo sabendo da dificuldade que encontraremos. Vejo nos olhos deles que querem muita coisa ainda. Podemos ir lá e fazer um grande jogo", disse Narciso.

    "O Santos tem nosso respeito, é o favorito. Tem jogadores velozes e leves, a melhor campanha, o melhor ataque", acrescentou.

    CONTINUIDADE

    Com a vaga para a Série D do Campeonato Brasileiro, o Penapolense já assegurou atividade no segundo semestre.

    Para tentar manter o elenco, ajudam as premiações de R$ 300 mil no mata-mata do Paulista e as bilheterias divididas pela metade com São Paulo e Santos.

    "Os jogadores ficam em evidência, é difícil segurar. Temos que deixá-los seguir sua carreira com brilho. A gente fica feliz quando um jogador nosso vai para um time grande", admitiu o presidente Nilso Moreira.

    Seis titulares tricolores disputaram o Estadual do ano passado pelo clube: o goleiro Samuel Pires, os zagueiros Jailton e Gualberto, o lateral esquerdo Rodrigo Biro, volante Liel e o meia Guaru.

    "Sem dúvida, ter uma espinha dorsal ajudou muito. Por jogar com quem você conhece, em quem você tem confiança, tem entrosamento melhor, o cara sabe como o colega se posiciona", avaliou Narciso.

    Depois de despachar os são-paulinos, a delegação penapolense continua hospedada na capital. Nesta quinta-feira, o time fez exercícios numa academia e numa piscina. O treino da manhã desta sexta acontecerá no estádio Anacleto Campanella, em São Caetano do Sul.

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