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    Clubes brasileiros esperam maioridade de atletas para cumprir regra da Fifa

    ELIANO JORGE
    DE SÃO PAULO

    24/04/2014 12h07

    O sonho de jogar futebol no Brasil costuma exigir muita paciência de atletas estrangeiros e dos seus futuros times.

    Como a Fifa (entidade que controla o futebol mundial) restringe transferências internacionais de menores de idade, em geral os clubes brasileiros esperam os jogadores atingirem a maioridade para contar com eles em competições oficiais.

    Por isso, pode durar meses, até anos, a rotina limitada a treinamentos, jogos-treinos e amistosos.

    O Barcelona, famoso pela formação de jogadores de diferentes origens, não obedeceu esse critério e foi punido no começo do mês.

    A Fifa permite negociação de atletas sub-18 em apenas três situações: se ele estiver acompanhando os pais na emigração, e não o inverso; caso o atleta tenha mais de 16 anos e os dois países pertençam à União Europeia; se a residência do jogador em outro país estiver a no máximo 50 km da fronteira e o clube também.

    Como não se enquadra em nenhuma dessas circunstâncias, o chinês Tang Shi, 17, terá que esperar até 2015 para ser contratado pelo Botafogo.

    Ele enfrentou o time carioca num torneio de categoria de base na China e foi convidado para um período de testes no Rio de Janeiro. Agradou e passou a treinar com profissionais e juniores. A ideia dos botafoguenses é que Tang estenda sua adaptação.

    SS/Press/BFR
    O chinês Tang Shi, 17, treina no Botafogo
    O chinês Tang Shi, 17, treina no Botafogo

    Outros garotos estrangeiros realizam intercâmbio no Botafogo, mas nenhum menor de idade é registrado como atleta alvinegro. Isso acontece em vários clubes do Brasil, que fazem parcerias e divulgam suas marcas no exterior.

    É cada vez mais comum a presença de meninos de outros países nas divisões de base de times brasileiros. Mas os reforços geralmente são maiores de idade.

    Quando chegou da Bolívia, o atacante Marcelo Moreno, hoje no Cruzeiro, já havia estreado como profissional pelo Oriente Petrolero. Entretanto, apenas treinou de outubro de 2004 até junho de 2005, esperando completar 18 anos para defender oficialmente a equipe de juniores do Vitória.

    Seu compatriota, o goleiro Guillermo Viscarra, foi fazer estágio no time baiano. Elogiado, permaneceu treinando e jogando amistosos entre 2009 e 2011. Quando se tornou maior de idade, pôde atuar em torneios oficiais.

    O AFRICANO DE COTIA

    Tyroane Joe Sandows, apelidado de Ty, 19, veio da África do Sul aos 11 anos para uma semana de intercâmbio de futebol promovida por um projeto social.

    Divulgação
    O sul-africano Tyroane Sandows
    O atacante sul-africano Ty, do São Paulo

    Funcionários do São Paulo identificaram potencial nele e o convidaram para ficar. Autorizado pelos pais, o menino voltou ao Brasil para treinar no clube e estudar numa escola bilíngue, tutelado por uma família local.

    Obteve um visto permanente. "Quando fiz 16 anos, assinei contrato profissional", contou o atacante. Mas a legislação da Fifa o impedia de atuar em partidas oficiais. "Precisava ter meus pais aqui", explicou Ty.

    Somente aos 18 anos o sul-africano teve aval para ser federado. "Foram dois anos bem difíceis, de superação, de motivação própria, buscando objetivos. Não podia desanimar. Precisava treinar mais forte do que os colegas que estavam jogando".

    Ele pensou em passar esse período na África do Sul e voltar depois ao CT de Cotia, porém desistiu. "Acho que não valeria a pena. Por causa do treinamento aqui, que era melhor", justificou.

    Ty evoluiu em campo e também aprendeu a driblar a saudade dos parentes. "Foi difícil nos primeiros anos, mas a gente se acostuma e aprende a lidar com a situação", disse. "A cada seis meses, temos férias aqui, então ou vou para lá ou eles vêm".

    Seu contrato com o clube do Morumbi vai até agosto. "Primeiramente penso em ficar aqui, jogar no time profissional do São Paulo. Se não conseguir, vou buscar outros caminhos", afirmou.

    TRIO DO FLU

    Vanderlei Almeida - 08.mai.2006/France Presse
    Fábio (à esquerda)e Rafael nas categorias de base do Flu
    Os laterais Fábio (à esquerda) e Rafael nas categorias de base do Fluminense

    Negociados ainda sem estrear na equipe principal do Fluminense, três jogadores esperaram até seu 18º aniversário para rumar ao futebol inglês.

    Irmãos gêmeos, os laterais Rafael e Fábio foram para o Manchester United em 2008. O atacante Wellington Silva, para o Arsenal em 2011.

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