Apesar de historicamente os times mexicanos quase sempre desempenharem papéis de figurantes na Taça Libertadores, o Santos Laguna pretende surpreender as equipes mais fortes da América do Sul e conquistar o título desta edição do torneio continental.

Líder do Grupo 8 do torneio, a equipe da cidade de Torreón desclassificou o tradicional Peñarol e agora joga por uma vitória no confronto desta quinta-feira, às 19h45 (de Brasília), contra o Arsenal de Sarandí, fora de casa, para se classificar como o melhor time da 1ª fase. A posição assegura o direito de decidir todos os duelos em casa a partir das oitavas de final.

Com 13 pontos em cinco jogos e 86% de aproveitamento, sendo 11 gols marcados e apenas dois sofridos, o pequeno clube do México, que é alviverde, apostou em uma comissão técnica portuguesa para atingir o objetivo de internacionalizar a marca pelo continente.

Liderados pelo treinador Pedro Caixinha, a equipe técnica do time é formada pelos compatriotas Óscar Miguel Tojo, Hélder Manuel Baptista e Pedro Malta, além do preparador de goleiro espanhol José González. A exceção ficou por conta de Miguel Zúñiga, o único mexicano entre os comandantes.

	Nicolas Celaya/Xinhua
	O técnico Pedro Caixinha durante jogo do Santos Laguna na Libertadores

"Fiz questão de ter um auxiliar local para facilitar a integração com o elenco, além de nos ajudar a entender o futebol mexicano e também sul-americano", explicou Caixinha.

Ainda sem títulos expressivos na carreira, o treinador de 43 anos trabalhou no Al-Hilal (Arábia Saudita), Panathinaikos (Grécia), Rapid Bucareste (Romênia), União Leiria e Nacional da Ilha da Madeira (ambos de Portugal), antes de ser contratado pelo Santos Laguna no final de 2012.

Segundo ele, a mentalidade vencedora dos dirigentes e a boa estrutura oferecida o fizeram aceitar a assumir o clube que tem 30 anos de vida (a sua fundação foi em setembro de 1983) e somente quatro títulos mexicanos na história.

Na Libertadores, a equipe mexicana também não tem tradição e está na sua segunda participação após ser eliminado pelo River Plate nas oitavas em 2004.

"Para mim, há muito mais prestígio em vencer a Libertadores como a primeira equipe do México. Para se ter uma ideia, a nossa goleada sobre o Peñarol na última rodada teve muito mais repercussão internacional do que o nosso vice-campeonato na Concacaf Champions", comparou.

Com graduação em Ciências do Esporte e com formação na área do treinamento pela Uefa, o treinador português é um estudioso do futebol e diz que um dos seus mentores na carreira foi o compatriota José Mourinho, atualmente no Chelsea.

"Mourinho influenciou toda a minha geração de técnicos portugueses. A forma de analisar os jogos e a sua metodologia de treinamento me influenciaram muito. Já a maneira de estudar o treino do Carlos Queiroz [treinador do Irã] também contribuiu com a minha formação", apontou.

Até agora, dois times mexicanos já chegaram a uma decisão de Libertadores, mas nenhum conseguiu se sagrar campeão. Em 2010, o Chivas Guadalajara perdeu para o Internacional, enquanto em 2001, o Cruz Azul foi derrotado pelo Boca Juniors.

DESTAQUES

Conhecido por ter marcado os gols da vitória mexicana por 2 a 1 sobre o Brasil na disputa da medalha de ouro da Olimpíada de Londres, em 2012, o atacante Oribe Peralta é o artilheiro do time na competição, com três gols.

No entanto, são os meias-atacantes colombianos Andrés Rentería e Carlos Quintero que ditam o ritmo da equipe mexicana dentro de campo.

"Nós temos uma identidade muito bem definida, uma filosofia muito própria de jogo. Temos jogadores muito rápidos e bastante organização quando temos a posse de bola. O primeiro lugar na primeira fase é o nosso objetivo. Mas, tudo é possível no mata-mata", finalizou.

	Edgar Quintana/AFP
	O colombiano Quintero (dir.) comemora gol pelo Santos Laguna contra o Peñarol