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    Vettel me deu os parabéns quando fiquei à frente dele, diz Ricciardo

    TATIANA CUNHA
    ENVIADA ESPECIAL A MÔNACO

    24/05/2014 17h20

    Daniel Ricciardo nunca precisou de motivo para exibir seu sorriso pelo paddock da F-1. Mas desde o início do ano, quando estreou como titular da Red Bull, o australiano está ainda mais sorridente.

    Não é difícil entender o porquê. Em cinco corridas, classificou-se à frente de seu companheiro de time em três. Em corridas, só não ficou diante do parceiro na Malásia, quando o aerofólio de seu carro quebrou e ele teve de abandonar.

    Só isso já seria suficiente. Mas do outro lado da garagem, Ricciardo tem ninguém menos que Sebastian Vettel, tetracampeão mundial e piloto mais bem sucedido do grid da F-1.

    Max Rossi - 5.set.2013/Reuters
    O piloto australiano Daniel Ricciardo sorri durante uma entrevista
    O piloto australiano Daniel Ricciardo sorri durante uma entrevista

    "Estou de bem com a vida, estou feliz e meus resultados refletem isso", disse o australiano à Folha no motorhome flutuante da Red Bull em Mônaco, onde neste sábado (24), às 9h (de Brasília, com transmissão da Globo), ele tenta mais uma vez desbancar o companheiro no treino que define o grid da sexta etapa do Mundial.

    "Sei que o Seb não fica feliz quando eu chego na frente e eu também não fico feliz quando estou atrás dele. Mas por enquanto temos sido respeitosos um com o outro".

    *

    Folha - Mark Webber, seu compatriota e antecessor na Red Bull, não tinha uma boa relação com Vettel. Conversou com ele antes de chegar?
    Daniel Ricciardo - Não. Eu tinha mais ou menos uma ideia de como era a relação deles pelo que eu via nas pistas, na imprensa, o que as pessoas diziam. Somos todos diferentes. O Mark é o Mark, o Seb é o Seb e eu sou o Daniel. Somos pessoas diferentes. Não é porque o Mark não era o melhor amigo dele que comigo seria automaticamente a mesma coisa. Cheguei com a mente limpa, disposto a ver como seria nossa relação.

    Vocês têm se dado bem até aqui. Acha que isso pode mudar se continuar na frente?
    Naturalmente, como todo piloto, somos muito competitivos. Não gostamos quando não ganhamos. Você quer ao menos bater seu companheiro de time. Talvez com o tempo nossa relação mude. Mas se ele ganha de mim de maneira limpa, não tenho motivos para ficar bravo. Ele foi mais rápido, foi melhor. Por enquanto está tudo bem. Ele me deu parabéns quando fiquei à frente e eu fiz o mesmo.

    Em algum momento duvidou que pudesse derrotá-lo?
    Como a gente nunca tinha se enfrentado nas mesmas condições eu não sabia se ele seria mais rápido ou se eu seria. Mas eu acreditava em mim. Pensei que se eu cheguei neste nível, se a Red Bull me colocou no time principal, obviamente eles acreditavam em mim. Imaginei que tudo me colocaria ao menos perto do Seb. Sabia que se fizesse uma boa pré-temporada eu poderia desafiá-lo. Por isso não diria que estou surpreso.

    E aparentemente você já assegurou o lugar em 2015...
    Bom, ainda não está certo. Mas as minhas primeiras cinco corridas foram boas e acho que se eu continuar assim eles vão me manter no time. Os resultados foram bons.

    Você mudou seu jeito depois que veio para a Red Bull?
    Não acho. Na vida você amadurece e vai mudando aos poucos, mas não mudei nada de maneira planejada. Meu jeito de encarar a F-1 nos últimos anos deu certo, então só queria tentar ser melhor naquilo que já vinha fazendo.

    Você é conhecido por ser o piloto mais sorridente do paddock. É seu jeito de encarar o ambiente hostil da F-1?
    Ser gentil e amigável faz as coisas serem menos estressantes. Talvez isso signifique que eu assino um pouco mais de autógrafos, mas não tem problema. Se você tenta demais bloquear as coisas, tudo bem, é diferente na hora da corrida ou da classificação, mas no resto você tem que ser mais leve. Os finais de semana são muito longos, ficar muito tenso por quatro ou cinco dias não faz bem.

    Você recentemente se mudou para Mônaco...
    Sim, estou gostando. Morei na Inglaterra por cinco anos e o tempo lá não ajudava. Parece que cada ano ficava mais frio [risos]. Estou mais feliz treinando aqui. Tenho pedalado muito, o que ajuda para perder peso. Temos um bom grupo para treinar, tenho aproveitado a convivência com outros atletas para aprender. Fora isso tenho pedalado com compatriotas como Simon Gerrans, Tiffany Cromwell. Estou gostando.

    Quem eram seus ídolos na infância, na Austrália?
    Obviamente que Sir Jack Brabham teve uma influência enorme na minha carreira. Cresci com meu pai falando dele e do [Ayrton] Senna. Claro que eu não estava correndo quando Senna corria, mas ele é cara que nós pilotos de F-1 admiramos muito. O jeito que ele encarava as coisas dentro e fora das pistas, era algo especial que tentamos seguir. Ele era implacável no carro, faria tudo para vencer, mas ele tinha um coração de ouro. Senna mostrou que você pode ser muito competitivo nas pistas e um gentleman fora delas. Ele nos ensinou muito.

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