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    Nos cem anos da seleção, ingleses vivem manhã de 'sonho' no Rio

    ADRIANO BARCELOS
    DO RIO

    20/07/2014 14h30

    Em partida comemorativa aos cem anos da seleção brasileira, o time sub-23 do Fluminense enfrentou o Exeter City, da quarta divisão do futebol inglês, na manhã deste domingo (20) no estádio das Laranjeiras, zona sul do Rio.

    O centenário era da seleção, mas a aniversariante não compareceu.

    Em 21 de julho de 1914, o Exeter City enfrentou um combinado de jogadores de Rio e São Paulo, reconhecido pela própria CBF como o jogo inaugural da seleção. O problema é que nenhum representante da entidade máxima do futebol brasileiro prestigiou a partida que marca a data.

    A CBF publicou texto em seu site recuperando a história da partida inaugural, sem mencionar o jogo das Laranjeiras. Mas há expectativa de que o presidente José Maria Marin se manifeste sobre o centenário durante a apresentação do novo técnico da seleção, na terça-feira (22).

    O jogo da manhã deste domingo foi descrito como "a realização de um sonho" principalmente por parte dos ingleses. O Exeter City é um time sem grandes glórias no futebol –mas que se orgulha, e muito, de ter sido o primeiro adversário da seleção na história.

    "Estamos aqui como quem faz uma peregrinação. Crescemos ouvindo a história de que o Exeter City enfrentou a seleção brasileira. É um sonho", descreve o aposentado Brian Ingersent, 62 anos, um torcedor no grupo de 160 ingleses que vieram ao país para ver a equipe enfrentar o Fluminense.

    Ingersent disse que por dois anos se planejou e guardou dinheiro para ver o jogo –na verdade, um insosso zero a zero com poucas chances de gol.

    Os dirigentes do Exeter City estavam em estado de glória, repetindo a todo momento não estarem acostumados com o assédio da imprensa em seu país.

    Ricardo Calçado, um dos sócios da empresa que organizou o evento, relata que a ideia de trazer o clube inglês de volta às Laranjeiras começou em 2004, no centenário do Exeter City. A organização da partida consumiu três anos.

    "A CBF foi convidada, mas o mais importante é que são cem anos do nosso futebol. A gente não podia deixar passar em branco, e aconteceu da maneira que tinha que acontecer", afirma Calçado.

    A torcida ficou devendo: pouco mais de 500 tricolores, além dos 160 ingleses. Quem chegou mais cedo à sede do Fluminense, contudo, pôde ver exposta a bola do primeiro jogo da seleção. O clube aproveitou para exibir a relação entre o estádio e o time nacional: em 18 partidas jogadas nas Laranjeiras, o Brasil jamais perdeu. Foram 13 vitórias e cinco empates.

    Se no jogo de 1914 o Brasil ganhou do Exeter City por 2 a 0, faltaram gols para os jovens do Fluminense, que contaram com três jogadores que transitam no time de cima - o goleiro Felipe Garcia, o zagueiro Wellington Carvalho e o meia Fabio Braga. Por um acordo de cavalheiros, o empate deu a taça Marcos Carneiro de Mendonça (goleiro do primeiro jogo) aos ingleses.

    Foi a filha de Mendonça, a crítica de teatro Bárbara Heliodora, quem entregou o troféu ao capitão Scot Bennett.

    "Meu pai tinha muito orgulho de dizer que jogou pela seleção brasileira. Ele sempre gostava de dizer que preferia quando o atacante adversário pegava certo na bola, porque era previsível. Quando ele erra é que a bola vinha mais perigosa", recordou.

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