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    Mentor de Dunga, Arrigo Sacchi diz que ex-volante é um sábio do futebol

    RAFAEL REIS
    DE SÃO PAULO

    27/07/2014 02h00

    "Os brasileiros precisam entender que o futebol mudou. Há 30 ou 40 anos, saímos de um jogo individual para o coletivo. Na Copa, todos os jogadores brasileiros pareciam ser ruins porque não existia uma equipe."

    A análise antecipa o modelo de futebol que Dunga deve tentar implantar na seleção. Afinal, vem do principal mentor do treinador gaúcho.

    O nome do italiano Arrigo Sacchi, 68, foi citado inúmeras vezes pelo técnico em sua entrevista coletiva de apresentação, na terça-feira (22).

    Comandante do Milan no bi europeu de 1989 e 1990, vice da Copa do Mundo de 1994 com a Itália, ele atualmente coordena as categorias de base da federação italiana.

    Sacchi passou a Copa discutindo futebol com Dunga –ambos trabalharam como comentaristas no torneio e conversaram "no hotel" e "durante as refeições".

    Vê nele, o capitão do time que impediu que sua Itália conquistasse o título mundial nos EUA vinte anos atrás, o "técnico ideal" para modificar a estrutura da seleção brasileira e tornar a equipe um time menos dependente do talento de um só jogador.

    "O Dunga é um sábio do futebol", disse Sacchi à Folha.

    "Gosto dele desde o tempo de jogador. Ele sempre foi moderno, já compreendia que o jogo tinha de ser mais coletivo. Minha única dica para ele é buscar jogadores que se adaptem ao projeto, já que em seleção não há muito tempo para se treinar."

    Na primeira passagem pela seleção, Dunga já deu mostras de que prioriza o grupo coeso ao individual. Apesar do clamor popular, não levou os então garotos Neymar e Ganso à Copa-2010. Mas Grafite, Kleberson e Júlio Baptista foram à África do Sul.

    A imagem que a seleção brasileira deixou em Sacchi na recém-encerrada Copa foi péssima. Segundo ele, ressalta a necessidade de um nome como o de Dunga.

    "Foi uma decepção muito grande. Não tinha possibilidade de dar certo. Já deu para ver contra o México [empate em 0 a 0]. Contra a Alemanha, foi um massacre."

    Segundo o ex-técnico e hoje cartola italiano, a goleada por 7 a 1 na semifinal nem "parecia um jogo de futebol".

    "De um lado, havia um apanhado de jogadores bons, mas que pareciam ruins porque não se comportavam como um time. Do outro, era um time de verdade. Todos os jogadores pareciam operários, mas eram muito bons."

    A tetracampeã mundial é o exemplo do que Sacchi considera futebol moderno. Uma equipe que põe o coletivo acima de qualquer individualidade, formada por atletas que se destacam pela boa execução do trabalho em grupo.

    "Vimos nas duas últimas Copas que quem venceu foi o coletivo. É só ver: Messi, Ribéry e Cristiano Ronaldo nunca ganharam nada por suas seleções. E alguns até tiveram resultados bastante ruins."

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