• Esporte

    Saturday, 04-May-2024 06:08:18 -03

    Brasileiro tem menos toque de bola e mais desarmes que Copa

    RAFAEL REIS
    GUILHERME YOSHIDA
    DE SÃO PAULO

    02/08/2014 02h00

    Os jogadores de Flamengo e Botafogo trocaram 453 passes no encontro entre os rivais do último domingo. No outro clássico da rodada passada do Brasileiro, entre Corinthians e Palmeiras, a bola foi de pé em pé 534 vezes.

    Um mês e meio atrás, outro clássico disputado no Brasil, entre duas potências europeias, Inglaterra e Itália, registrou quase o mesmo número de passes somados vistos nas duas partidas: 996.

    Não se assuste com a diferença. Em alguns momentos, o esporte praticado nos campos da Série A nem parece o mesmo da Copa do Mundo.

    As estatísticas mostram bem como são diferentes os estilos de jogo do Mundial e da primeira divisão nacional.

    Editoria de Arte/Folhapress

    A maior diferença está justamente no passe. Fundamento que define o jeito de jogar das duas últimas seleções campeãs mundiais (Espanha em 2010 e Alemanha em 2014), ele virou quase artigo de luxo dentro do Brasil.

    A média de passes trocados jogos 64 jogos da Copa foi 21% maior do que a das partidas das três primeiras rodas do Brasileiro disputadas após o fim do Mundial. A eficiência dos toques das seleções também é bem melhor do que a das equipes locais: 84,1% contra 79,7%.

    O estilo de toques curtos da Copa produziu um efeito ofensivo mais positivo do que as ligações diretas e a correria costumeiras da Série A.

    Cada partida do Mundial teve em média quase cinco finalizações a mais que no Brasileiro. A média de gols foi de 2,67, contra 2,31 do pós-Copa.

    "Parece que paramos em 2002, existe um excesso de volantes em quase todos os times, nenhuma criatividade ou inovação tática, muito menos velocidade, um jogo mais truncado e uma clara decadência técnica", declarou o advogado Alexandre Bertoldi, que acompanhou o Mundial como torcedor.

    "Nosso futebol é muito mais chato de se ver porque deixamos de fazer o simples. Uma das razões é que nós nos preocupamos muito mais em anular o adversário que em vencê-lo. Atacamos com três ou quatro jogadores porque temos medo de o que vai acontecer quando perdemos a bola, enquanto outras seleções atacam com sete ou oito," concordou o técnico e comentarista Valdir Espinosa.

    De fato, se fica atrás nos aspectos mais técnicos e normalmente ligados ao conceito de futebol bonito, o Brasileiro derrota o Mundial em todas as estatísticas relativas à destruição de jogadas.

    O número de desarmes ainda é quase idêntico (244,9 contra 244,1). Já os de faltas e cartões, mostram uma diferença mais substancial.

    As partidas da Copa tiveram em média 30 infrações, contra 33,5 do Brasileiro. Foram mostrados 2,83 cartões amarelos em média por jogo do Mundial e 4,10 na Série A.

    "O futebol brasileiro e na América do Sul é mais aguerrido e disputado. O sintoma disso é o número de faltas maior. Em relação ao número de cartões, somos exemplos, e não o contrário. Vimos na Copa várias situações em que faltou o cartão", disse o ex-árbitro Wilson Seneme.

    Reprodução
    Alecsandro comemora gol na vitória do Flamengo sobre o Botafogo
    Alecsandro comemora gol na vitória do Flamengo sobre o Botafogo no Maracanã

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024