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    Primeira mulher a vencer a maratona olímpica destaca papel de pioneiras

    RODOLFO LUCENA
    DE SÃO PAULO

    03/08/2014 02h00

    Primeira campeã da maratona olímpica feminina, a norte-americana Joan Benoit-Samuelson continua competindo entre a elite internacional, hoje desafiando marcas de veteranos -em 2008, participou da seletiva olímpica dos EUA e completou em 2h49min08, novo recorde norte-americano para a faixa etária de maiores de 50 anos.

    Hoje com 57 anos, ela recorda com carinho da prova, que surgiu cercada de polêmica. "Muitos dos assim chamados especialistas na área acreditavam que, se uma mulher corresse mais do 1.500 metros, que era a maior distância permitida em competições, teria prejuízos físicos e nunca mais poderia ter filhos ou competir em outros eventos", diz ela em entrevista à Folha por telefone.

    Diferentemente de outras maratonistas de ponta da época, Benoit não chegou a participar do movimento para a criação da maratona olímpica.

    "Eu tive a sorte de estar no lugar certo na hora certa. Tivemos diversas pioneiras nessa área que contribuíram para essa virada e tornaram o evento possível. Roberta Gibb, a primeira mulher a correr a maratona de Boston, e Kate Switzer, primeira a correr em Boston oficialmente registrada, e pessoas como Jaqueline Hansen, que participou do movimento para convencer o Comitê Olímpico Internacional. Houve um conjunto de mulheres que, digamos assim, abriram as comportas..."

    O elenco na prova impressionava. Lá estavam as duas norueguesas mais famosas no mundo da corrida feminina, Grete Waitz e Ingrid Kristiansen, que traziam currículos carregados de vitórias, e Rosa Mota, campeã europeia da maratona. Benoit resolveu arriscar e, com cerca de 15 minutos de prova, assumiu a liderança. Para manter a vantagem, abdicou até da água no primeiro posto de água. Seguiu sozinha até o fim, apenas ela e seu bonezinho branco.

    Lembra-se da chegada, mas não do desespero de Gabriele Andersen: "Depois de vencer a prova, eu saí direto da pista para o teste de dopagem e para as entrevistas. Vários jornalistas perguntaram o que eu pensava da situação dela, e eu disse que sabia que ela era um pouco mais velha e que o fato de ter completado a prova na primeira maratona olímpica feminina era algo realmente especial... Eu não tinha ideia do que tinha acontecido. O importante é que ela foi competente e coerente para recusar ajuda na hora da chegada, porque ela realmente queria completar a primeira maratona olímpica feminina sem auxílio externo. Por outro lado, se ela tivesse morrido ou sofrido sequelas por causa de seu estado, eu me pergunto se hoje teríamos uma maratona feminina na Olimpíada... Ainda bem que ela conseguiu terminar e logo se recuperar. O resto, como se diz, é história."

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