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    Copa do Mundo rende R$ 14 bilhões para casa de apostas

    SOFIA FERNANDES
    DE BRASÍLIA

    17/08/2014 02h00

    A profusão de gols, prorrogações e decisões por pênaltis da Copa do Mundo animou o mercado de apostas esportivas ao redor do mundo.

    Segundo a consultoria internacional GBGC (Global Betting and Gaming Consultants), o torneio rendeu US$ 6 bilhões (cerca de R$ 13,7 bilhões) de receita às operadoras de apostas esportivas em todo o planeta.

    Episódios extraordinários, como a derrota do Brasil por 7 a 1 para a Alemanha e a mordida do uruguaio Luis Suárez em Chiellini, no jogo entre Uruguai e Itália, atiçaram a gana dos apostadores.

    Na Noruega e Suécia, 207 apostadores ganharam dinheiro apostando na mordida do uruguaio.

    A partida entre Brasil e Alemanha foi a que mais movimentou apostas, seguida da decisão entre Argentina e Alemanha, diz a GBGC.

    As operadoras também tiveram ótimo resultado com as eliminações de Espanha e Inglaterra ainda na primeira fase.

    Apesar de a modalidade não ser regulamentada no país, os brasileiros gastaram R$ 410,4 milhões durante a Copa. Apostaram de computadores, celulares e até em call centers das operadoras.

    Essas empresas são geralmente hospedadas em paraísos fiscais, como a ilha de Malta, mas mantêm sites em português.

    A falta de uma legislação brasileira para crimes na internet e a hospedagem das apostas no exterior são as brechas usadas por essas empresas para atuar no país.

    LEGALIZAÇÃO

    O projeto de lei que trata da renegociação das dívidas dos clubes de futebol, o antigo Proforte, prevê a liberação do mercado de apostas esportivas no país.

    O texto foi aprovado em comissão especial na Câmara dos Deputados e está pronto para votação em plenário, o que deve ocorrer apenas depois das eleições.

    O projeto de lei autoriza a Caixa Econômica Federal, que tem o monopólio dos jogos no Brasil, a operar apostas esportivas, mas não impede que outras empresas atuem no país.

    O banco estatal poderia assumir papel semelhante ao de uma agência reguladora.

    Segundo o projeto, parte do dinheiro seria dedicada a um fundo de iniciação esportiva escolar, e a distribuição do dinheiro priorizaria os municípios mais pobres.

    Para Pedro Trengrouse, professor de direito desportivo da Fundação Getúlio Vargas e relator da questão das apostas esportivas em comissão temática do Ministério dos Esportes, o projeto é um avanço porque ele quebra o tabu que impede que o Brasil reconheça um fenômeno que já é realidade no mundo.

    Segundo Trengrouse, a regulamentação da atividade tem o potencial de reprimir manipulações, como aconteceu com a chamada máfia do apito, em 2005. Esse escândalo trouxe à tona que resultados de jogos do Campeonato Brasileiro foram manipulados para casar com apostas feitas em sites do ramo.

    "O Brasil já foi vitima da manipulação de resultados, e até agora não fez nada para se defender disso", afirma. "A regulamentação das apostas esportivas começa necessariamente pela discussão da proteção ao esporte".

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