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    Dunga fez acordo depois que motorista o acusou de ameaça

    FILIPE COUTINHO
    DE BRASÍLIA
    FELIPE BÄCHTOLD
    DE PORTO ALEGRE

    19/08/2014 02h00

    O treinador da seleção brasileira, Dunga, fez um acordo com o Ministério Público para não ser processado na Justiça criminal, depois de ser acusado por um motorista de ônibus de Porto Alegre (RS) pelo crime de ameaça.

    Dunga se envolveu numa discussão em setembro de 2012, quando, segundo o motorista Ariovaldo dos Santos, o técnico o xingou e disse que ia "dar um tiro na cara dele".

    O acordo entre a promotoria e Dunga foi formalizado em abril do ano passado, quando o Juizado Especial Criminal determinou que o treinador doasse R$ 1.500 a uma instituição de caridade.

    De acordo com o boletim de ocorrência registrado por Santos, Dunga dirigia uma caminhonete prata da Mercedes na zona sul de Porto Alegre quando um motorista de ônibus mudou de faixa após avistar um caminhão parado.

    Após a manobra, segundo Santos afirmou à Folha, a caminhonete do treinador o fechou, e Dunga o seguiu por dez paradas de ônibus, fazendo gestos e ameaças.

    O caso do motorista foi enquadrado no crime de ameaça. Como a pena é baixa (no máximo seis meses), foi encaminhado ao Juizado Especial Criminal.

    O benefício da chamada "transação penal" foi oferecido pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul. Esse tipo de acordo acontece em casos em que o crime tem menor potencial ofensivo.

    Com o acordo, Dunga não foi processado e, por isso, não houve acusação nem defesa. O acusado não foi declarado culpado ou inocente.

    Dunga, contudo, teve de doar R$ 1.500 e perdeu o direito de ter o mesmo benefício por cinco anos.

    O motorista disse que se sentiu "humilhado" com a atitude de Dunga e que procurou a polícia por medo de ser demitido. O temor dele era que a empresa em que trabalhava cedesse a uma eventual pressão do treinador.

    Tempos depois de registrar a ocorrência, ele foi chamado para uma audiência na Justiça com o treinador.

    Na Justiça, diz Santos, o treinador negou o teor das acusações, mas aceitou um acordo para dar fim ao caso.

    O motorista afirma que recebeu sugestões para fazer um pedido de indenização, mas preferiu não ir adiante.

    "Eu não queria dinheiro. Só queria respeito", disse.

    ADVOGADO

    O advogado de Dunga, Vitor Scheid, disse que não daria explicações sobre o episódio envolvendo seu cliente e o motorista de ônibus pois, em sua visão, "se" o caso existiu, já estaria resolvido.

    O advogado ainda falou sobre a possibilidade de Dunga ter sido achacado. Mas questionado sobre como isso teria acontecido, preferiu não fornecer detalhes e disse não entender qual o interesse da imprensa nesse caso.

    "Eu não entendo qual é a razão desse negócio. Existem 'n' fatos (...) até achacamento em relação ao cara", disse Scheid.

    O advogado afirmou ainda que não iria esclarecer os fatos e que a reportagem deveria publicar o que quisesse sobre o episódio.

    Diante da negativa, a Folha pediu para entrar em contato com o técnico da seleção, para que pudesse dar mais informações sobre o caso. O pedido, no entanto, foi prontamente rechaçado pelo advogado de Dunga.

    "Vou te responder: publica o que tu quiser pois já estou tomando as medidas (...) Eu não vou responder nada mais para a Folha de S.Paulo. Publica tudo e depois me aguardem", afirmou Scheid.

    Daniel Marenco/Folhapress
    O técnico da seleção brasileira, Dunga, durante uma entrevista
    O técnico da seleção brasileira, Dunga, durante uma entrevista
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