No campo, o Palmeiras teve um leve respiro de sua crise no Campeonato Brasileiro ao bater o Coritiba, no Pacaembu, no sábado (23), por 1 a 0 –gol de Juninho.
Fora dele, no entanto, especialistas de gestão de empresas e imagem consultados pela Folha acreditam que o clube vai sofrer por mais um tempo se não alterar rapidamente seu modelo de gestão.
"A palavra-chave é profissionalização", afirma Clarisse Setyon, coordenadora do MBA em marketing esportivo da ESPM. "Na verdade, o Palmeiras é uma das pedras mais perto da ponta de um efeito dominó pelo qual o futebol brasileiro no geral passa", diz.
"Outros clubes de expressão estão com problemas até maiores que os do Palmeiras, como Vasco e Fluminense. E outros logo podem se juntar a esse grupo", avalia.
Romeo Busarello, professor do Insper e da USP e diretor de marketing da construtora Tecnisa, diz que o Palmeiras passa por uma crise como time de futebol, empresa e marca.
"As crianças começam a abandonar o Palmeiras, porque a marca vem deixando de ter apelo por não saber se reposicionar", afirma.
"Um time de futebol é como qualquer outra empresa. Um executivo prefere trabalhar em uma empresa com grandes resultados a fazê-lo em uma com balanços negativos. O Palmeiras não consegue mais nem reter nem atrair talentos –no caso, os jogadores."
A professora Clarisse Setyon vê ainda o risco de o clube alviverde entrar em um círculo vicioso arriscado se não conseguir reverter sua crise esportiva e administrativa e gerar novas fontes de receita.
"Muita gente imagina que, pelo fato de o Palmeiras ter uma grande torcida –de acordo com o Datafolha, é a quarta do país, com 6% de preferência–, exista aí um universo grande de consumidores do time", diz Clarisse.
"Ele até existe, mas não significa que o potencial vai se converter. O time no campo e o clube, com um marketing bem-feito, têm de dar gás a esse processo", afirma a professora.
MARCOS
Contratado do departamento de marketing do clube, o ídolo e ex-goleiro Marcos não fala sobre gestão com a mesma eloquência dos professores.
Mas, com a vivência de quem ganhou dois Brasileiros, uma Libertadores e uma Copa do Mundo, dá a sua receita para sanar a crise do Palmeiras:
"O time precisa ser forte e ganhar. Não adianta fazer campanhas e eventos, por melhores que sejam, para um time que não ganha jogos e campeonatos. O Palmeiras voltar a ser vitorioso é que o vai fazer o marketing dar um salto, e não o contrário".
