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    Futebol brasileiro já tem 12 denúncias de racismo em 2014

    ALEX SABINO
    DE SÃO PAULO

    31/08/2014 02h00

    "Preto fedido", gritavam torcedores do Grêmio para o goleiro do Santos, Aranha, durante jogo na última quinta-feira (28) em Porto Alegre. "Macaco", também berravam em direção ao atleta.

    Ao fim do jogo, Aranha expôs sua indignação aos repórteres e demonstrou abatimento no vestiário.

    Denúncias de gestos racistas no futebol profissional brasileiro são frequentes.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Levantamento feito pela Folha indica 12 casos desse tipo nos primeiros oito meses deste ano. Ou seja, mais de um episódio de ofensa racial veio à tona por mês em 2014. São situações que envolvem jogadores, árbitros, torcedores ou jornalistas.

    De modo geral, as penas não são pesadas e, quando o condenado recorre ao STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), consegue torná-las ainda mais brandas.

    Conforme explica o procurador-geral do STJD, Paulo Schmitt, o CBJD [Código Brasileiro de Justiça Desportiva] prevê perda de, no máximo, três pontos para o clube condenado.

    "No caso de torneio eliminatório, é o mesmo que a exclusão", diz ele.

    Neste ano, a punição mais severa imposta a um time por racismo foi ao Esportivo, do Rio Grande do Sul.

    Em março, o árbitro Márcio Chagas da Silva encontrou bananas colocadas em seu carro na saída do estádio de Bento Gonçalves, após partida contra o Veranópolis.

    Em decisão do tribunal desportivo estadual, o Esportivo perdeu nove pontos, o que o rebaixaria para a segunda divisão do estadual.

    O clube, então, recorreu ao STJD, que diminuiu para três pontos, como determina o CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva).

    "A punição ao Esportivo no tribunal local foi um exagero", acredita Eduardo Carlezzo, advogado especializado em direito desportivo internacional.

    "Quando o caso foi para o STJD, houve a punição justa", complementa.

    Mesmo com a perda menor de pontos, o Esportivo caiu para a divisão de acesso.

    Foi o único caso em 2014 no Brasil em que um time sofreu perda de pontos após episódio de racismo.

    MULTAS BAIXAS

    O Bandeirante, que disputa a quarta divisão paulista, foi multado em só R$ 2.000 após a torcida ter entoado cantos racistas contra Antonio Carlos Buião, técnico do time do Vocem.

    O jogo aconteceu em Birigui, interior de São Paulo, em abril deste ano.

    No mesmo mês, pela Copa do Brasil, o volante Marino, do São Bernardo, disse ter sido xingado de "macaco" pela torcida do Paraná Clube.

    O time da capital paranaense foi condenado no caso, mas não perdeu pontos. Recebeu multa de R$ 30 mil. Recorreu e conseguiu diminuir para R$ 15 mil.

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