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    Aranha perdoa torcedora gremista, mas quer vê-la pagar na Justiça

    ALEX SABINO
    DE SÃO PAULO

    06/09/2014 22h20

    "Como cristão", Aranha perdoa a torcedora gremista Patrícia Moreira, 23. Mas o goleiro do Santos deixou claro desejar que ela seja punida de acordo com a lei brasileira.

    Na partida entre Grêmio e Santos, pela Copa do Brasil, no último dia 28, Patrícia foi flagrada por uma câmera da ESPN Brasil chamando o jogador de "macaco". Ela poderá ser indiciada por injúria racial. A pena máxima para este crime é de três anos de prisão.

    Chorando, a torcedora fez um pronunciamento em Porto Alegre, nesta sexta (5), pedindo desculpas a Aranha.

    "Da minha parte, como cristão, como ser humano, eu precisava do pedido para desculpá-la. Isso não quer dizer que eu não quero que a justiça seja feita. Ela errou, tem as consequências. Como pessoa, a desculpo. Mas quando a gente erra, há leis para isso", disse o goleiro após o triunfo do Santos por 3 a 1 sobre o Vitória, pelo Campeonato Brasileiro.

    A partida aconteceu na noite deste sábado (6), no Pacaembu.

    A Folha apurou que Aranha não queria dar a entrevista. Pretendia não falar mais no assunto. Foi convencido a mudar de ideia porque foram muitos os pedidos de órgãos de imprensa brasileiros e internacionais.

    Mas ele nem quer nem ouvir falar na possibilidade de se encontrar com Patrícia.

    Programas de TV como o "Fantástico", da Rede Globo, tentaram promover o encontro. Ela mesmo disse querer pedir perdão pessoalmente.

    "Não tem motivo para isso. Algumas pessoas poderiam achar que eu estava querendo me promover e isso atrapalharia a causa [da luta contra o racismo]. Não sou amigo dela, nunca fui e nem tenho interesse em conhecê-la. Ela pediu desculpas, está desculpada. Mas tem de pagar", repetiu.

    Patrícia não é a única investigada pela polícia do Rio Grande do Sul. Aranha apontou outros torcedores que também o ofenderam racialmente. Considerou um erro os xingamentos recebidos pela torcedora nos dias seguintes. A casa dela foi apedrejada e acabou demitida do emprego em empresa terceirizada que prestava serviços à Brigada Militar do estado.

    "Isso não pode acontecer. Até entendo que algumas pessoas estavam com isso engasgado, mas um erro não justifica o outro. Vi [em reportagens] que ela não é racista. Mas teve uma atitude racista", sentenciou.

    Por causa do incidente, o Grêmio foi excluído da Copa do Brasil pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) e recorreu da sentença.

    "O que eu esperava, aconteceu. A maioria a população ficou do meu lado. O que ocorreu comigo vai servir para mudar a postura das pessoas e melhorar a educação", completou o goleiro, lembrando que se o STJD não tomasse nenhuma atitude "estaria concordando com essa situação."

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