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    Ex-militante contra o apartheid, juíza do caso Pistorius se destaca

    DE SÃO PAULO

    12/09/2014 02h00

    Thokozile Masipa cresceu na periferia de Johannesburgo em uma apertada casa com dois quartos. Espremia-se, com os irmãos, em um deles.

    Do lado de fora, eclodia o apartheid, regime de segregação racial que perdurou na África do Sul de 1948 a 1994.

    Negra, Masipa concentrou sua carreira, primeiro como jornalista e depois como advogada, no combate ao racismo e à defesa da mulher.

    Disciplinada e madura, traçou uma trajetória que a levou, em pouco mais de 20 anos, de advogada a juíza.

    Agora, aos 66 anos, ela comanda o julgamento do astro paraolímpico Oscar Pistorius em um tribunal de Pretória.

    E, de certo modo, ascendeu aos holofotes da mesma maneira que o réu, acusado de assassinar a modelo Reeva Steenkamp, sua ex-namorada, fez na pista de atletismo.

    O caso de Pistorius se transformou no caso da juíza negra que define o futuro de um branco. Nesta quinta (11), Masipa inocentou-o das duas acusações mais graves, mas aplicou-lhe reprimenda pela fragilidade emocional e de seus depoimentos dados.

    Questionou, por exemplo, por que Pistorius não chamou a polícia quando suspeitou que havia um invasor em sua casa em Pretória, na noite de 14 de fevereiro de 2013, quando disparou de sua 9 milímetros através da porta do banheiro onde Reeva estava.

    "Ele falhou ao não tomar precauções para evitar o assassinato", afirmou a juíza, que lerá o veredito hoje.

    Como não há júri na África do Sul, cabe a Masipa e a dois consultores seus a definição do polêmico julgamento, que se arrasta há seis meses.

    O currículo da magistrada abafou qualquer questionamento em relação à decisão desta quinta (11), que livrou Pistorius de prisão perpétua.

    Em um país de maioria negra, mas com predomínio de brancos no Poder Judiciário, ela se tornou, em 1998, a segunda negra designada para a Suprema Corte do país.

    Anos antes, Masipa havia sido militante na luta contra o apartheid e chegou a ser presa, em 1977.

    OUTROS ATLETAS JULGADOS POR ASSASSINATO DE MULHERES

    Carlos Monzon
    Acusado de ter arremessado sua mulher Alicia Muniz da varanda da residência do casal, o boxeador argentino, campeão mundial dos pesos médios entre 1970 e 1977, foi condenado a 11 anos de prisão.

    O.J. Simpson
    Em 1994, o então jogador de futebol americano foi acusado do assassinato de sua mulher, Nicole Brown, e de seu amigo Ron Goldman, mas foi absolvido no ano seguinte em um julgamento assistido por metade da população americana pela televisão. Em 1997, um tribunal civil reabriu o caso e o condenou a pagar 33,5 milhões de dólares por danos.

    Marc Cécillon
    Em 2008, o jogador da seleção francesa de rúgbi foi condenado a 20 anos de prisão pelo assassinato de sua mulher. Em 2004, Cécillon, embriagado, atirou em Chantal em uma festa na casa de amigos. Posteriormente, sua pena foi reduzida a 14 anos.

    Bruno
    Goleiro titular do Flamengo desde 2006, foi acusado em 2010 do assassinato de Eliza Samudio, com quem tinha um filho. Segundo as investigações, ele teria sido mandante do sequestro e assassinato de Eliza. Até hoje, o corpo não foi encontrado e Bruno segue preso.

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