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    Jogo contra São Paulo motivou manifesto anti-homofobia corintiano

    ALEX SABINO
    DE SÃO PAULO

    13/09/2014 02h00

    Por temor de uma punição do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), o Corinthians lançou um apelo nesta sexta-feira (dia 12) aos seus torcedores para que abandonem os gritos homofóbicos nos estádios.

    Em seu site oficial, o clube paulista publicou uma nota pedindo o "fim do grito de 'bicha' no tiro de meta do goleiro adversário".

    Em todas as partidas com mando do Corinthians, a torcida grita "bicha" no momento em que o goleiro chuta o tiro de meta.

    A Folha apurou que o pensamento da diretoria já está em Rogério Ceni e no clássico contra o São Paulo, dia 21, no Itaquerão. O receio é que o STJD faça denúncia contra o Corinthians por causa de ações homofóbicos.

    É um raciocínio correto. O procurador-geral do tribunal, Paulo Schmitt, reconheceu que o órgão vai vigiar mais de perto este tipo de discriminação nos estádios.

    "Espero que todos fiquem mais atentos a essa questão a partir de agora. Eu estarei. Até porque cantos preconceituosos podem ensejar a punição dos clubes", alertou Schmitt, confirmando os temores corintianos.

    Segundo o procurador, qualquer clube denunciado por gritos "preconceituosos" pode ser julgado de acordo com o CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva) e o o Estatuto do Torcedor.

    O CBJD prevê perda de três pontos "caso a infração seja praticada simultaneamente por considerável número de pessoas vinculadas a uma mesma entidade de prática desportiva". Em caso de reincidência, a pena dobra.

    "Se acontecer, vamos esperar que constem em súmulas, mas se o fato ganhar notoriedade, podemos solicitar imagens ou outras provas", observa Schmitt. A súmula é o relatório sobre a partida feito pelo árbitro.

    Reprodução/corinthians.com.br
    Corinthians publica manifesto
    Corinthians publica manifesto para abolir o grito de 'bicha'

    NO PAULISTA

    O xingamento ganhou força quando o Corinthians enfrentou o São Paulo no Pacaembu pelo Campeonato Paulista, em março deste ano.

    O confronto do dia 21 será a primeira visita do rival do Morumbi ao Itaquerão, estádio com uma acústica melhor do que a do Pacaembu. No novo estádio, os gritos de "bicha" ficariam mais evidentes.

    As manifestações homofóbicas no torneio estadual levaram a Coordenação de Políticas para LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros) da Prefeitura de São Paulo a denunciar o Corinthians ao TJD (Tribunal de
    Justiça Desportiva) da Federação Paulista. Mas o caso não foi levado adiante.

    Consultados pela reportagem, representantes do órgão da Prefeitura disseram desconhecer a nota divulgada pelo clube. Mas dizem que estarão atentos a possíveis novas manifestações homofóbicas no futebol.

    Os dirigentes corintianos acreditam que, se o caso for levado ao STJD, o risco de punição é real. Neste ano, Paulo Schimitt já denunciou dois jogadores do time por agressões a árbitros. Petros chegou a ser suspenso por seis meses, mas a pena foi reduzida para três partidas após recurso. Guerrero foi absolvido.

    Conhecido como Wagner BO, Wagner da Costa, presidente da Gaviões da Fiel, a maior torcida organizada do clube, afirma que os gritos homofóbicos na hora dos tiros de meta são iniciados pelos torcedores comuns, não pelas organizadas.

    "Os Gaviões não têm nada a ver com isso. Não puxamos este coro e não vamos fazer nada a respeito. Não é nossa responsabilidade", disse o presidente da Gaviões da Fiel, a maior torcida organizada do clube.

    No entanto, em jogos contra o São Paulo, membros da Gaviões costumam entoar um canto cujo trecho é: "Dessas bichas teremos de ganhar."

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