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    Admiro muito, mas eu não me comparo ao Guga, diz Bellucci

    EDUARDO OHATA
    DE SÃO PAULO

    19/09/2014 02h00

    Adriano Vizoni/Folhapress
    O tenista Thomaz Bellucci, que ajudou a classificar o Brasil para a elite da Copa Davis
    O tenista Thomaz Bellucci, que ajudou a classificar o Brasil para a elite da Copa Davis

    Líder em quadra na vitória sobre a favorita Espanha pela Copa Davis no último fim de semana, Thomaz Bellucci define o tênis como "pelo menos 50% mental".

    Nesta entrevista à Folha, concedida na terça-feira (16), o brasileiro mais bem ranqueado em simples (82º) revela detalhes do trabalho psicológico e a superação das comparações com Guga.

    O tenista também gostou da definição da Argentina como próxima adversária do Brasil no Grupo Mundial da competição. "Dentro das possibilidades que a gente tinha, acho que foi bom, mesmo jogando fora", disse ontem Bellucci, em nota.

    *

    Folha - Por que tantos altos e baixos em sua carreira?
    Thomaz Bellucci - Acho que isso é normal com qualquer atleta. Mas o importante é você estar preparado para agarrar as oportunidades.

    A sua declaração ao fim do duelo com a Espanha de que a rapaziada não é valorizada mas hoje mostramos nosso valor' pareceu um desabafo...
    Foi um desabafo, um recado para quem muitas vezes não acredita na gente, acha que no Brasil o tênis morreu.

    Como estava seu psicológico?
    Sabia que eram jogos difíceis, mas que era possível [vencê-los]. Hoje não há jogador invencível. Em um bom dia, eu consigo ganhar de praticamente qualquer um.

    Como é o trabalho de mentalização que você faz?
    É um treinamento mental antes dos jogos. Antes de passar por dificuldades em quadra, você já se antecipa tudo, imagina o que fará em todos os cenários. É necessário resolver problemas muito rapidamente. Tem que pensar numa estratégia diferente entre um ponto e outro, e o tempo que você tem são 15, 20 segundos.

    Mas como isso funciona?
    Você antecipa as situações que pode encontrar em quadra e deixa as soluções arquivadas' [em sua cabeça].

    O fato de sair de casa ajudou em seu amadurecimento?
    Sai da casa dos meus pais há uns dois anos. Acho que [isso] amadurece o homem, saber que não está debaixo das asas do pai. Você tem que cuidar de você mesmo. Isso te amadurece, vai criando um homem em você. E [isso] pode ter ajudado em quadra.

    Como é o trabalho com a psicóloga Carla Di Pierro?
    Ela está comigo há dois anos. No início a gente trabalhou mais problemas pessoais meus, que consegui superar. Agora ela acompanha alguns treinos, o trabalho passou a ser mais na quadra.

    Como vê a forma como o público lida com os ídolos?
    Acho que não chego a ser um ídolo. Acho que hoje sou o maior nome no tênis [nacional], mas não chego a ser um ídolo no tênis como o Guga. Ele teve conquistas bem maiores que as minhas. Acho que os brasileiros sempre estão querendo criar ídolos, jogadores que às vezes não são tão qualificados para substituir o Guga ou [pilotos para substituir] o Ayrton Senna.
    Ele [Senna] era superbom e depois vieram Barrichello e Massa, que a torcida cobrou que tivessem o mesmo resultado. No meu caso, a torcida queria os mesmos resultados do Guga. A torcida sempre quer um ídolo para substituir outro. É muito difícil substituir ídolos como Guga.

    O que acha das comparações?
    No começo acho que todo mundo me comparava. Hoje em dia todo mundo vê que o Guga é muito maior do que eu, conseguiu mais coisas, três Grand Slams, foi número um do mundo.

    Mas quando um jogador é muito melhor do que você, nem tem como se comparar. Admiro muito, mas não me comparo a ele.

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