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    Diretor do Grêmio defende torcida e diz que vaia não é crime

    RAFAEL REIS
    DE SÃO PAULO

    19/09/2014 18h49

    O diretor jurídico do Grêmio, Thiago Brunetto, defendeu o comportamento da torcida gaúcha no reencontro com o goleiro Aranha, do Santos, no empate por 0 a 0 entre os dois times, na quinta-feira (18), em Porto Alegre, pelo Campeonato Brasileiro.

    Chamado de "macaco" na partida anterior entre as duas equipes, em 28 de agosto pela Copa do Brasil, o arqueiro foi alvo de vaias durante toda partida. Depois do jogo, mostrou decepção com o comportamento da torcida e disse que essa ação deixou "claro que [o racismo] é um pensamento quase geral da torcida do Grêmio".

    Segundo Aranha, torcedores o chamaram de "branquela" durante o jogo. Imagens do site "Globoesporte.com" mostram um gremista gritando "Branca de Neve" em direção ao goleiro.

    "Não assisti a essas imagens e nem escutei nenhuma ofensa desse tipo. Estava no estádio, mas o que ouvi foram situações que estão dentro da normalidade. É evidente que o goleiro ganhou o protagonismo por causa dessa situação lamentável e que a torcida do Grêmio pegou no pé, vaiou o jogo inteiro. Campo de futebol não é shopping, não é um ambiente de educação. Não podemos criminalizar a vaia", disse o dirigente.

    Devido ao episódio de injúrias raciais dirigidas a Aranha, o Grêmio foi excluído da Copa do Brasil sem disputar a segunda partida das oitavas de final contra o Santos. O recurso do caso ainda não foi julgado pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva).

    O procurador-geral do tribunal Paulo Schmitt disse que "por enquanto" não irá investigar o comportamento da torcida gremista no reencontro com o goleiro e não tem "registros de ocorrências significativas".

    Para a partida de quinta, o Grêmio contratou cinegrafistas para filmar os torcedores que foram ao estádio e espalhou dirigentes como "olheiros" pelo estádio. A direção do clube informou ainda que os cinegrafistas contratados registrariam com 20 câmeras o comportamento dos torcedores das arquibancadas populares, para evitar novos atos racistas.

    Enquanto Aranha aquecia e era hostilizado pelos torcedores, a banda da Polícia Militar do Rio Grande do Sul executava músicas de Lupicínio Rodrigues, compositor negro, autor do hino do Grêmio. O músico, que morreu em 1974, completaria 100 anos se estive vivo em 2014.

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