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    Gritos de 'branquelo' contra Aranha são crime racial, afirmam advogados

    RAFAEL REIS
    DE SÃO PAULO

    20/09/2014 02h00

    Aranha voltou a ser alvo de injúrias raciais de torcedores do Grêmio, avaliam advogados ouvidos pela reportagem.

    Nesta sexta (dia 18), ao desembarcar em São Paulo vindo de Porto Alegre, o goleiro do Santos disse que foi chamado de "branquelo" pela torcida do time rival durante o jogo entre Grêmio e Santos na noite de quinta (dia 17).

    "Não me chamaram de preto fedido, mas de branquelo. Era piada?", indagou o goleiro, que também foi vaiado diversas vezes durante o jogo.

    Essa partida aconteceu 21 dias depois que ele foi ofendido com gritos de "macaco" na Arena Grêmio, em episódio que levou à exclusão do clube da Copa do Brasil.

    Além do "branquelo" mencionado por Aranha, imagens do site "Globoesporte.com" mostram um gremista gritando "Branca de Neve" em direção ao goleiro. São, afinal, novas ações racistas?

    "O que vale é a intenção, não a palavra usada. Não importa se você fala uma palavra que é o oposto da original com a mesma intenção de ofender. Se há um componente racial, você deve aplicar essa lei", avalia o advogado Mário Solimene Filho, especialista em questões de diversidade racial e sexual.

    O advogado Dojival Vieira dos Santos, presidente de uma ONG que combate o racismo, é mais enfático. Ele cobra que o Grêmio receba uma nova punição, semelhante à que o tirou da Copa do Brasil.

    "Não há dúvida de que aconteceu ontem [quinta] o mesmo que havia ocorrido em agosto, com o agravante da reincidência. A lei diz que não se pode utilizar elementos referentes a cor ou raça em ofensas", afirma.

    Já diretor jurídico do Grêmio, Thiago Brunetto, disse não ter ouvido ofensas dirigidas ao goleiro, apenas vaias.

    "É evidente que o goleiro ganhou o protagonismo por causa dessa situação lamentável e que a torcida do Grêmio pegou no pé, vaiou o jogo inteiro. Campo de futebol não é shopping, não é um ambiente de educação. Não podemos criminalizar a vaia."

    O procurador-geral do STJD, Paulo Schmitt, disse que, por ora, não irá investigar o comportamento da torcida gremista no reencontro com o goleiro do Santos. Para ele, não há "registros de ocorrências significativas".

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