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    Tite diz que gostaria de voltar ao Corinthians

    ALEX SABINO
    DE SÃO PAULO
    BERNARDO ITRI
    DE DO PAINEL FC

    20/09/2014 02h00

    Apu Gomes/Folhapress
    O treinador de futebol Tite, 53, durante entrevista em seu apartamento, na zona leste de São Paulo
    O treinador de futebol Tite, 53, durante entrevista em seu apartamento, na zona leste de São Paulo

    "Se eu gostaria [de voltar ao Corinthians]? Gostaria. Mas gostaria que fosse limpo: 'porque ele ganhou aquilo, tem de voltar.' Não. Quero voltar porque é o momento. Não quero voltar como resposta ao momento

    Técnico mais vitorioso nos últimos cinco anos do futebol brasileiro, Tite admite estar em posição privilegiada. Embora tenha sido preterido na seleção brasileira, está sem clube há nove meses por opção –entende que pode escolher um time para trabalhar que dê mais estrutura.

    Ele fala da vontade de retornar ao Corinthians, clube pelo qual conquistou Libertadores, Brasileiro, Paulista, Mundial e Recopa Sul-Americana. "Eu, particularmente, gostaria, sim", afirma o técnico, que faz sombra a Mano Menezes, questionado pelo desempenho no Brasileiro.

    Em entrevista à Folha, Tite ainda propõe uma regulamentação para a troca de técnicos durante os torneios e diz ter se surpreendido com a escolha de Dunga para ser técnico da seleção.

    *

    Folha - Você já falou sobre a frustração de não ter sido chamado para a seleção. Ficou parado esses seis meses antes da Copa para a seleção?

    Tite - O termo que caracteriza foi preparação. Eu fiz uma preparação consciente de que eu, como outros profissionais, em razão dos últimos trabalhos, poderia [ser escolhido]. Eu me preparei para que tivesse esse convite.

    Te surpreendeu o Dunga?

    Sim. Eu entendia que tinha três, quatro profissionais: eu, o Muricy, o Abel, o Marcelo [Oliveira] e o Cuca. Entendi que seriam os postulantes.

    É raro um técnico ficar afastado seis meses. Você se sente numa posição privilegiada, de escolher um time?

    Privilegiado não sei se é o termo, mas que permita gerenciar um pouco a escolha e a carreira, sim. Escolher não o clube, mas o momento. Sei que a paciência é igual aos três primeiros resultados, mas a exigência é igual para todo mundo. Mas de poder encontrar um clube com a possibilidade de fazer um trabalho a médio prazo, sim.

    Mas é anormal.

    É atípico. Eu construí essa possibilidade. Mas, em outros momentos, eu não tinha essa estabilidade financeira que hoje me permite ter esse comportamento. Em outros momentos eu arrisquei e o fiz. No Corinthians, no Palmeiras, no São Caetano, no Atlético-MG e no Inter. Agora, tenho um pouco mais de calma para pegar o clube em outro estágio.

    Os técnicos se submetem muito a esse modelo de trocar de clube sempre?

    É a regra. E para mim tem que ter uma legislação melhor. O Falcão e o Vagner Mancini estão trabalhando dizendo assim: "o técnico que iniciar o campeonato em uma equipe não pode trabalhar em outra se for demitido". O que isso gera? Uma seleção melhor por parte dos dirigentes na escolha do técnico. E uma responsabilidade maior do técnico para não pedir demissão e ir embora num momento difícil.

    Isso vai gerar uma necessidade de comprometimento maior das duas partes. Eu trocaria parte do meu salário por uma estabilidade maior.

    A derrota por 7 a 1 da seleção deu que tipo de contribuição ao futebol?

    O lado de benefício da derrota é notório. Todos estão se mobilizando. Para mim, caiu no colo excessivamente do técnico. Técnico é uma atividade um tanto desumana.

    O que acha sobre técnicos estrangeiros trabalharem no futebol nacional?

    Não seleciono técnico por nacionalidade, mas por competência.

    Para a seleção é diferente?

    Seleção é o clímax de uma carreira profissional. É normal que tenhamos o sentimento de ambicionar. Eu sou campeão mundial, o Abel, o Paulo Autuori. Tipo: "olhe para nós antes", é normal. Mas se vierem técnicos top... Mas tem que ser top, não pode ser emergente. Tem que ter qualidade comprovada.

    Guardiola?

    Sim. Se fosse Ancellotti [técnico do Real Madrid], Mourinho [do Chelsea], sim.

    Por que os jogadores conseguem se unir, por meio do Bom Senso, e os técnicos ainda não?

    Concordo que o Bom Senso fomenta este tipo de relação. Os técnicos têm pequenos grupos de amigos. Não tem união na classe. A força que está tendo o Bom Senso está em Paulo André, Alex, Dida, gente esclarecida com "know-how". Eu sou porta voz dessa proposta do Mancini e do Falcão de procurar o que é melhor para o futebol brasileiro, assim como sou defensor da arbitragem para que tenha a profissionalização. É desumano ter de pagar nutricionista para ele. Quero ser um porta-voz dessas melhorias. A classe dos técnicos pode permitir esses avanços.

    Você terminou 2013 e foi dispensado do Corinthians. Tem a mesma vontade de retornar, como aconteceu depois de sua primeira passagem, entre 2004 e 2005?

    Fechou mais um ciclo, mas entendo que pode se abrir outro lá na frente. Se eu gostaria? Gostaria. Mas gostaria que fosse limpo: "porque ele ganhou aquilo, tem de voltar". Não. Quero voltar porque é o momento. Não quero voltar como resposta ao momento. Vamos trazer se é da ideia do clube. Eu, particularmente, gostaria [de voltar], sim.

    Quando pretende voltar a trabalhar?

    Uma data que coloco é início de outubro. Primeiro porque define a ponta de cima do Brasileiro e a ponta de baixo. Você vai estar trabalhando com projetos para o ano que vem. Segundo, as eleições nos clubes.

    Vendo pela TV, você acha que o Campeonato Brasileiro está ruim?

    Esteve ruim, mas está melhorando. Não sei se é porque a gente fica com padrão de exigência alta por causa do Mundial. Mas as equipes começaram a se ajustar e crescer. O Fluminense começou a ter momentos. O São Paulo está num momento muito dele. Corinthians no contra-ataque. Cruzeiro vem atendendo às expectativas.

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