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    Medo de brigas faz são-paulina torcer a distância no clássico

    RAFAEL VALENTE
    DE SÃO PAULO

    21/09/2014 02h00

    Silmara Souza, 22, gosta do São Paulo, quer ver o time campeão brasileiro neste ano na despedida de Rogério Ceni, mas é provável que ela não esteja no estádio se isso acontecer.

    Hoje desempregada, a assistente de produção tem medo de ir aos jogos por causa da intolerância de outros torcedores com os gays. Foi apenas uma vez, não foi hostilizada, mas admitiu que não sentiu vontade para retornar.

    "Fui em um jogo estratégico, contra um time pequeno. A torcida do São Paulo era maioria e eu estava acompanhada de amigos. Ninguém me provocou, mas senti um pouco de medo. Não sei o que pode acontecer. Por isso prefiro ficar à distância", diz.

    Neste domingo (21), Silmara vai fazer isso. Ao lado da namorada corintiana, vai torcer em casa para o São Paulo derrotar o Corinthians e continuar na briga pelo título do Brasileiro.

    Não é apenas a aversão aos gays dos adversários que incomoda Silmara. A própria torcida do São Paulo também tem cânticos homofóbicos, como o que foi criado após a Copa e cita que diz que "o gavião virou um beija-flor", em alusão à principal organizada rival, a Gaviões da Fiel.

    Ronny Santos/Folhapress
    A assistente de produção, Silmara Souza, 22 anos, homossexual assumida e torcedora do São Paulo.
    A assistente de produção, Silmara Souza, 22 anos, homossexual assumida e torcedora do São Paulo.

    O canto deve inclusive ser entoado pelos são-paulinos no Itaquerão.

    "É um canto homofóbico, não tem nem o que discutir. Faz menções claras. A homofobia está dentro de cada um. Ser chamado de bambi' pode parecer só ofensivo, mas é preconceituoso", afirma Silmara.

    A são-paulina defende punição aos torcedores que cometam atos discriminatórios, mas também aos clubes que os torcedores fazem parte. "A punição é necessária. Existem limites e têm de ser claros".

    "O preconceito sempre existiu dentro dos estádios, no meio do futebol. Acho muito bom ver essa questão gerar discussão na sociedade, ter o tribunal esportivo atento ao que os torcedores fazem. Os estádios têm de mudar."

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