"Não há possibilidade de jogarmos o Campeonato Ucraniano. Espero que o futebol seja considerado mais importante que a política."
David Tetruashvili é o CEO do Skchf Sevastopol, um dos três clubes que colocaram a Fifa e a Uefa em saia justa com o país que irá receber a próxima Copa do Mundo.
A quatro anos do Mundial da Rússia, as duas entidades sofrem pressão internacional para que punam o país-sede.
A razão é o fato de a Rússia ter aceitado a inscrição de três times da Crimeia, região que declarou em março independência da Ucrânia de forma unilateral e que foi anexada pela nação vizinha.
FC Sevastopol e Tavriya Simferopol, que estavam na elite ucraniana, e Yalta, da terceira divisão, foram refundados, ganharam novos nomes e passaram a disputar o equivalente à Série C na Rússia, além da Copa local.
"Nenhum clube da Crimeia poderia continuar existindo com as leis ucranianas. Então, tivemos de fundar outros times", disse Tetruashvili.
A Uefa não gostou e passou a classificar esses clubes como piratas. Mesmo que consigam a classificação para competições europeias, (Liga dos Campeões e Liga Europa), não poderão disputá-las por não serem aceitos como representantes russos.
Na quinta (18), a Ucrânia pediu a suspensão da Rússia da Fifa e da Uefa, o que paralisaria as reuniões sobre os preparativos da Copa.
O imbróglio tem efeito prático sobre a vida desses novos clubes da Crimeia.
O Sevastopol, que tinha um elenco "99% formado por não russos" liberou todos os jogadores da temporada passada, já que o regulamento da terceira divisão proíbe a utilização de estrangeiros.
O novo elenco conta apenas com russos e não tem sequer um atleta natural da Crimeia, já que ele é considerado legalmente ucraniano. Por esse motivo, o clube dissolveu suas categorias de base.
"Os jogadores nativos de Sevastopol, que eram do nosso time B, agora jogam o Campeonato Amador da Crimeia, já que são considerados estrangeiros. Eles só poderiam mudar suas nacionalidades se a Ucrânia permitisse", completou o CEO do clube.