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    Mais longevo do país, técnico recusou Série A por estabilidade

    RAFAEL REIS
    DE SÃO PAULO

    19/10/2014 02h00

    Ao longo dos últimos três anos e seis meses, Cláudio Tencati viu o São Paulo ser dirigido por Paulo César Carpegiani, Milton Cruz, Adilson Batista, Emerson Leão, Ney Franco e Muricy Ramalho.

    Tudo isso sem mudar de emprego uma única vez.

    O jovem técnico de 41 anos é uma exceção no futebol brasileiro de muitas demissões e empregos de curta duração.

    Aliás, é a maior exceção.

    Tencati é o treinador que está há mais tempo no cargo entre os 101 clubes das quatro divisões do Brasileiro.

    Ex-jogador das categorias de base de times pequenos do interior do Paraná que desistiu da carreira para estudar educação física, ele dirige o Londrina desde abril de 2011.

    Divulgação
    O técnico Cláudio Tencati, do Londrina
    O técnico Cláudio Tencati, do Londrina

    Em 42 meses de trabalho, tirou o time da segunda divisão estadual (2011), encerrou jejum de 22 anos do clube sem o título paranaense (2014) e está a uma partida do acesso para a Série C do Brasileiro.

    Dono da melhor campanha da quarta divisão, o LEC, como o time é conhecido, festejará a promoção mesmo se perder por um gol de diferença para a Anapolina (GO), em casa, neste domingo (19).

    "O fundamental aqui foi que tivemos bons resultados em sequência. E isso deu segurança para meu trabalho".

    Ídolo, Tencati já se deu ao luxo de dispensar voos maiores para não perder a estabilidade que construiu. Só neste ano, disse não a três clubes da Série A (Criciúma, Coritiba e Chapecoense) por duvidar que teria tempo para desenvolver um bom trabalho.

    "É claro que quero ir para a primeira divisão e crescer na carreira. Mas não adianta sair para participar de três jogos e depois ficar desempregado. Só vou embora se tiver certeza que posso fazer um trabalho de longo prazo".

    O acordo foi selado com seu patrão, Sérgio Malucelli, gestor de futebol do Londrina e também seu agente. Foi a política do empresário que o manteve no cargo enquanto os títulos não chegavam.

    "O que falta aos clubes brasileiros é gestão. E isso existe aqui. Antes das taças, estávamos revelando jogadores. É a nossa prioridade".

    Na gestão Tencati, o Londrina revelou o volante Bruno Henrique (Corinthians), o lateral esquerdo Wendell (Bayer Leverkusen e seleção olímpica) e o atacante Joel (Coritiba). Todos renderam uma boa grana para a SM Sports, empresa de Malucelli que administra o LEC.

    Mas o dinheiro que foi para o chefe não evitou que ele quase fosse demitido no primeiro semestre, quando o Londrina corria risco de rebaixamento no Paranaense.

    "O Sérgio veio falar comigo e disse que talvez precisasse mudar alguma coisa. Tive que convencê-lo a manter meu emprego", lembra.

    A luta contra o rebaixamento virou classificação para a fase final, o Londrina se sagrou campeão paranaense e Tencati virou intocável.

    "Não adianta. Se você não tiver resultado, não dura".

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