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    'Neymar de Maresias', Medina se torna ídolo dos meninos da região

    ÉDER FANTONI
    ENVIADO ESPECIAL A SÃO SEBASTIÃO

    06/11/2014 02h00

    São 13h de terça (4) e a reportagem, na praia de Maresias, tira o carro de uma vaga na rua para procurar um lugar para almoçar. Um flanelinha, incrédulo, pergunta: "Já vão embora? Não vão ver o Medina surfar?".

    Perto de se tornar o primeiro brasileiro campeão mundial de surfe aos 20 anos, Gabriel Medina viaja pelo mundo para disputar o WCT, uma espécie de primeira divisão desse esporte.

    Mas sempre volta às areias de Maresias, praia de São Sebastião (SP), onde nasceu. E lá ele é um fenômeno de popularidade.

    O surfista nem precisava participar da etapa WQS Prime, evento que faz parte da divisão de acesso da modalidade e acontece até domingo (9) em Maresias.

    Mas, para ele, é como um treino de luxo para a última etapa do Mundial, no Havaí, entre os dias 8 e 20 de dezembro. Ou como uma festa no quintal de casa.

    "A praia tem ficado cheia e é muito legal ver a galera prestigiar o evento", disse o paulista, que já passou por duas baterias.

    Por "galera", entenda-se as cerca de 1.500 pessoas em Maresias para vê-lo, número que deve dobrar no sábado e no domingo.

    Enquanto os demais surfistas entram e saem tranquilamente do mar, o paulista precisa de cinco seguranças para tentar se desvencilhar dos fãs que o cercam do caminho da sua tenda ao mar.

    Nas baterias sem Medina, é possível até estender uma toalha na areia para acompanhar a competição. Aqui e ali, palmas são ouvidas.

    Quando Medina está na água, o cenário muda completamente. A areia se transforma numa arquibancada, com a maior parte do público em pé. A cada manobra (bem ou mal realizada), Medina arranca aplausos. Cada bateria dura 30 minutos. Para o brasileiro, uma hora. Além da meia hora dentro da água, ele tem ainda mais cinco para sair e passar pelo público; ao sair do mar, outros 20 minutos para tirar selfies com o público e mais cinco para entrevistas.

    "Ele [Medina] não se sente diferente, é apenas um surfista", assegura Marcos Duek Reina, 44, comerciante que conheceu o surfista quando ele ainda era criança.

    A TÁTICA DO SURFE

    Em Maresias, é tamanha a influência de Medina que o surfe divide espaço com o futebol em pé de igualdade.

    Na areia, são vistos garotos com camisetas de grandes clubes com a mesma frequência com que são observadas estampas com o nome do surfista brasileiro.

    Na escola estadual Dulce César Tavares, em que o surfista cursou o ensino médio, próxima do local onde acontece a competição, os alunos discutem as manobras do surfe como se debatessem os detalhes de um esquema tático. Afinal, ali, Medina é Neymar.

    "Aqui [na escola] muitos sonham ser o novo Medina. Eles já tinham a cultura do surfe, mas era algo apagado. Hoje, eles vão brincar, mas pensam que pode dar certo, pois se o Medina conseguiu, eles também podem", afirmou Elisângela Aparecida Sebastião, 40, professora de Medina no ensino médio.

    Ao fim da tarde, a reportagem é convidada pelo mesmo flanelinha de Maresias a voltar para prestigiar o evento no dia seguinte. Ou, melhor, para ver Medina.

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