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    Barraqueiros lutam para levar tropeirão de volta ao Mineirão

    MARINA GALEANO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    06/11/2014 12h11

    Durante 30 anos, Ernani Francisco Pereira, 51, montou sua barraca no portão 6 do Mineirão, em Belo Horizonte, para vender feijão tropeiro, sanduíche de pernil, água e refrigerante nos dias de jogos e shows.

    Mas, em 2010, os cerca de 150 barraqueiros foram retirados dos arredores do estádio para o início das reformas da Copa e, até agora, não conseguiram licença junto aos órgãos públicos estaduais e municipais para retomar suas atividades.

    "É uma situação dramática que vem se arrastando por quatro anos", afirma Pereira, líder do movimento que briga pelo retorno dos ambulantes ao Mineirão.

    Na noite de quarta (5), na semifinal entre Atlético-MG e Flamengo, pela Copa do Brasil, ele resolveu arriscar. Mesmo sem permissão para vender comidas no local, carregou a Kombi com seus produtos e dirigiu-se ao estádio.

    Divulgação
    Prato deixou de ser vendido ao redor do Mineirão
    Prato deixou de ser vendido ao redor do Mineirão

    "Vamos esperar o Flamengo, e o Galo vai ganhar hoje", diz o comerciante, que também é músico, maratonista e torcedor do Atlético-MG.

    Horas depois, a previsão do barraqueiro se confirmava. O time comandado por Levir Culpi conseguiu reverter a desvantagem no Maracanã, goleou o Flamengo por 4 a 1 e chegou pela primeira vez a uma final de Copa do Brasil.

    Pereira, entretanto, não conseguiu trabalhar. Nesta quinta (6), ele contou à Folha, por telefone, que o cordão de isolamento impediu que ele estacionasse sua perua no entorno do estádio.

    Resultado: ficou ouvindo a partida pelo rádio da Kombi enquanto seu filho "escapuliu" e correu para assistir ao jogo das arquibancadas.

    A decisão entre Atlético-MG e Cruzeiro será em dois jogos, nos 12 e 26 de novembro. Um deles, pelo menos, terá o Mineirão como palco. O Atlético-MG disse que mandará o seu no Independência.

    Pereira promete que os barraqueiros e o "tropeirão" estarão de volta ao Mineirão nas finais da Copa do Brasil.

    "Vamos azucrinar os órgãos públicos. Não tem acordo para nós. Não podemos perder essa venda", conclui o ambulante.

    Por meio de nota enviada pela assessoria de imprensa, a Prefeitura de Belo Horizonte informou que a "Regional Pampulha, juntamente com a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos está preparando uma licitação, nos termos das disposições legais para o uso do espaço público, em quatro pontos no entorno e proximidades do Mineirão".

    Segundo a prefeitura, o edital específico para bebidas e alimentação nos dias de jogos será publicado até 30 de novembro.

    ABAIXO-ASSINADO

    Para pressionar o governo estadual e a Prefeitura de Belo Horizonte, o grupo Apoiadores dos Barraqueiros e Barraqueiras do Mineirão criou um abaixo-assinado na internet que, até a manhã desta quinta (6), havia recolhido cerca de 13.500 assinaturas virtuais.

    O documento argumenta que os barraqueiros e seus produtos, incluindo o famoso "tropeirão", são "patrimônio histórico e cultural" de Belo Horizonte e que essa é a única fonte de renda da maioria das famílias dos ambulantes.

    "Nós somos parte da história do Mineirão e somos reconhecidos por isso", diz Ernani Francisco Pereira -os primeiros vendedores se instalaram no entorno do estádio na década de 1960.

    Situação semelhante se deu em Salvador, quando um abaixo-assinado, também virtual, pedia a presença das baianas e de seus acarajés nos arredores da Fonte Nova durante a Copa.

    Em Recife, a briga ocorreu pela liberação das tapioqueiras na Arena Pernambuco. Nos dois casos, as solicitações foram atendidas.

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