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    Titular absoluto, palmeirense não terá o assobio do pai no Morumbi

    DIEGO IWATA LIMA
    DE SÃO PAULO

    16/11/2014 02h00

    Miguel Schincariol/AFP
    Victor Luis comemora gol marcado contra a Fiorentina em julho
    Victor Luis (dir.) comemora gol marcado contra a Fiorentina em julho

    Apenas um jogador do atual elenco foi titular em todos os 15 jogos de Dorival Júnior como técnico do Palmeiras.

    O feito de Victor Luis, 21, já digno de nota, torna-se maior diante do fato de o atleta ter começado 2014 como quarta opção para a lateral esquerda palmeirense. E de ter passado oito meses do ano passado impossibilitado de jogar.

    "No começo do ano, Juninho, William Matheus e até o Marcelo Oliveira, improvisado, estavam na minha frente na fila", relembra-se o jogador, garantido entre os titulares contra o São Paulo, neste domingo (16).

    Quem deu a ele a primeira chance foi Ricardo Gareca, em 23 de julho. No primeiro jogo da segunda fase da Copa do Brasil, contra o Avaí, em Florianópolis, Victor esteve no time misto que venceu os donos da casa por 2 a 0.

    No jogo seguinte, o adversário era o Corinthians, pelo Brasileiro, no Itaquerão. Com Juninho suspenso, a vaga era de Wiliam Matheus, que foi negociado com o Toulouse (FRA) na semana.

    "O Gareca me chamou e perguntou se eu estava preparado para ser titular. É claro que minha resposta foi sim", conta.

    CALVÁRIO

    No ano passado, Victor, enfim realizava um sonho alimentado desde os oito anos de idade e chegava ao time profissional do Palmeiras, onde começou a treinar aos dez anos de idade.

    A alegria logo deu lugar a quase um ano de frustração.

    O Porto, de Portugal, clube no qual ele atuou pelo time B, durante 2012 e 2013, se confundiu, e não enviou a documentação do jogador da maneira correta para que ele pudesse atuar pelo Palmeiras. Por conta disso, Victor passou quase uma temporada inteira só treinando, sabendo que não poderia entrar em campo em nenhuma circunstância.

    "O pessoal até brinca comigo, dizendo que foi a maior pré-temporada da história do futebol", diverte-se o jogador, que reveza-se no time entre o seu setor de origem e o meio-campo, como volante.

    No Palmeiras, Victor treina como lateral desde o time sub-12. Mas, na Portuguesa, onde começou a jogar, aos oito anos, ele também atuou como zagueiro.

    "Mas a minha baixa estatura começou a me atrapalhar, e fui de vez para a lateral", conta o jogador de 1,80 m.

    Entre a Portuguesa e o Palmeiras, Victor teve uma experiência, digamos, quase europeia. A camisa do segundo time de Victor era do Atlético de Madri. Mas o local de treinos ficava na Vila Maria, Zona Norte da capital paulista.

    "Foi uma categoria de base oficial do Atlético aqui no Brasil", explica Victor Luis.

    "Nós disputamos algumas finais e o time era bom. Com o fim do acordo com o Atlético, em 2003, os empresários responsáveis pela parceira [entre eles Paulo Serdan, presidente de honra da torcida uniformizada Mancha Alviverde] levaram a maior parte do time para o Palmeiras", conta. "Comigo vieram o Bruno Dybal [emprestado ao Oeste de Itápolis] e o goleiro Válter [atualmente no Atibaia]", diz.

    ASSOBIO FAMILIAR

    Quando o Palmeiras joga no Pacaembu, Victor conta com um auxílio fora de campo na marcação.

    Eraldo, 51, comerciante, pai e maior incentivador do jogador, procura se sentar o mais perto possível do campo e assobia cada vez que um adversário passa pelo setor de Victor, para alertá-lo.

    "Mesmo com a torcida gritando, eu consigo escutá-lo", garante o lateral. "Pode estar o barulho que for, que o assobio dele chega até mim. Ele já me ajudou bastante", garante. "O assobio dele é diferente, eu sempre o escuto", garante o jogador, muito apegado à família.

    Victor ainda mora com Eraldo e a mãe Ruth, 51. E tem, em casa, uma companheira de quarto especial e bem diferente dos boleiros com quem costuma dividir quarto nas concentrações.

    Victória, 12, irmã mais nova do jogador, é quem manda nos aposentos da dupla.

    Conhecido pelo chute forte e por não aliviar na marcação, o lateral jura viver à mercê da caçula da família.

    "Ah, é ela quem manda. Se eu não fizer o que ela quer, o bicho pega", diz, entre risos.

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