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    De volta ao Vasco, Eurico Miranda quer revisar contrato com a Globo

    ADRIANO BARCELOS
    DE DO RIO

    20/11/2014 02h00

    De volta à cena no futebol brasileiro depois de ter sido novamente eleito à presidência do Vasco, Eurico Miranda, 70, retorna disposto a devolver ao clube carioca o espaço que um dia já foi dele.

    Para isso, pretende disputar com os demais clubes uma fatia maior dos recursos provenientes da TV. Os alvos principais são Flamengo e Corinthians, os maiores beneficiados do momento.

    Os dois recebem R$ 120 milhões da TV Globo por ano; o Vasco, R$ 70 milhões.

    "Esse processo de espanholização do futebol brasileiro tem de acabar. Eu não posso chegar e concordar que dois clubes tenham uma diferença astronômica dos outros. Só isso", disse, em referência à polarização entre Real Madrid e Barcelona no futebol espanhol.

    Eurico, que assume a presidência do Vasco pelo triênio 2015-2017 em 1º de dezembro, seria formalizado no cargo a partir de uma reunião do Conselho Deliberativo do Vasco na noite desta quarta (19), no bairro da Lagoa, no Rio, depois de ter vencido uma eleição disputada com outros dois candidatos. Ele já presidiu o Vasco no período entre 1995 e 2001.

    Eurico afirma que a busca pelas verbas da TV se dará sob a ótica de que os repasses para o Vasco estão defasados e que o clube oferece uma visibilidade superior, minimizada no atual acordo. Ele questiona ainda as pesquisas e o apontamento do sistema pay-per-view, que não reproduziriam com fidelidade o interesse e a presença da torcida cruz-maltina.

    "Sei a força do Vasco e tenho argumentos para discutir. O que não pode é querer empurrar goela abaixo para mim que o Vasco é a quinta, sexta torcida. Isso não vão empurrar nunca, não há hipótese", afirma o eleito.

    Reconhecidamente centralizador, Eurico não vai mudar seu estilo. As diferenças, projeta, se darão mais pela proximidade maior que promete ao torcedor do clube. Ele fez uma campanha para presidente com muitos artifícios de participação, com um plano de mídia social em que ele se dispôs a ouvir e a responder perguntas dos vascaínos.

    Dentro do clube, Eurico reeditará seu estilo de comando forte. Atualmente, o futebol do clube fica nas mãos de uma estrutura profissional, com Rodrigo Caetano como diretor-executivo de futebol. Eurico vai abandonar esta organização e questiona:

    "Melhorou?", enfatizando a situação no momento em que o clube disputa a Série B pela segunda vez, ainda que esteja próximo do retorno à primeira divisão.

    "É uma página negra da história do Vasco."

    QUASE LÁ

    Com 62 pontos, o Vasco está em terceiro lugar na Série B. Os quatro primeiros serão promovidos à elite. Basta ao Vasco um empate no sábado (22), contra o Icasa, no Maracanã, para assegurar a vaga.

    Sobre a questão do executivo profissional, ele avalia que a responsabilidade é sempre do presidente. Empresários e o fatiamento de jogadores, outra praxe do mercado, também não terão espaço, segundo Eurico.

    "Jogador tem que ser pelo menos 60% do Vasco. Fatiamento, jogador-pizza comigo não funciona", afirma.

    Eurico considera que a riqueza vascaína está nas categorias de base e na revelação de jogadores, uma manancial que, segundo ele, está abandonado pela atual gestão, do ex-centroavante e ídolo vascaíno Roberto Dinamite. A legislação, porém, também prejudicou o modelo do clube, acredita o presidente.

    "Eu dizia que a Lei Pelé iria liquidar com os clubes, e praticamente liquidou. Mas com o Vasco, não", comentou.

    O presidente que retorna havia prometido abandonar a cartolagem, principalmente quando o clube caiu para a segunda divisão pela primeira vez, em 2008. Na segunda vez, mudou de ideia.

    "Voltei pelo apelo das ruas e dos meus netos", afirmou.

    Eurico tem tem um projeto de sua gestão anterior para ampliar o estádio São Januário de 25 mil para abrigar 40 mil torcedores.

    Sobre política partidária, Eurico, que foi deputado federal pelo Rio de Janeiro por dois mandatos, diz não haver possibilidade de uma nova candidatura.

    "Só fui deputado por causa do Vasco. Fui o deputado do Vasco", completa.

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