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    Treinador que derrotou Palmeiras diz que nova geração estuda mais

    RAFAEL REIS
    DE SÃO PAULO

    21/11/2014 02h00

    Robson Ventura/Folhapress
    O técnico do Sport, Eduardo Baptista, em partida no Itaquerão
    O técnico do Sport, Eduardo Baptista, em partida no Itaquerão

    "Tinha 18 anos e era zagueiro do Juventus. Meu pai não morava em São Paulo e tinha pouco tempo para me ver. Só conseguiu assistir a dois jogos meus, e nos dois fui expulso. Depois do segundo jogo, ele chegou e me disse filho, desculpa, mas você não leva jeito para o futebol. Vai estudar que é melhor."

    Foi naquele dia que Eduardo Baptista, 42, decidiu que seguiria a mesma carreira do pai, Nelsinho Baptista, campeão brasileiro em 1990 pelo Corinthians e desde 2009 no Kashiwa Reysol, do Japão.

    Ele teve de esperar 24 anos para ser técnico. A primeira chance surgiu em fevereiro.

    Eduardo está no comando do Sport há nove meses. Já encerrou um jejum de quatro anos do clube sem conquistar o título pernambucano, faturou a Copa do Nordeste e fez de sua equipe a de melhor campanha no Brasileiro entre as que disputaram a Série B em 2013 –é a 11ª do torneio.

    Também ajudou a estragar a festa de inauguração do novo estádio do Palmeiras, na quarta-feira (19), derrotando o mandante por 2 a 0.

    O jovem técnico não esconde que liga para seu pai atrás de conselhos ("não do meu time, mas de questões da carreira") e lembra que seu sucesso teve dedo de Nelsinho.

    "Quando o Geninho caiu, me chamaram para dirigir o time interinamente por dois jogos. Eu queria colocar quatro meninos da base, mas achava que poderiam me interpretar mal, achar que era um interino querendo aparecer. Então liguei para ele."

    Do pai, ouviu a pergunta "quem é o treinador do Sport nesta partida?". Era o que precisava ouvir. Eduardo foi em frente, fez a minirevolução que queria, venceu o clássico contra o Náutico na estreia, bateu o Botafogo-PB no segundo jogo e foi efetivado.

    Formado em educação física, trabalhou por dez anos ao lado do pai, como preparador físico. Antes, ocupou o mesmo cargo em clubes menores: Campinas, Araçatuba e Santo André, entre outros.

    Robson Ventura/Folhapress
    O técnico do Sport, Eduardo Baptista, em partida no Itaquerão
    O técnico do Sport, Eduardo Baptista, em partida no Itaquerão

    "Olha, ele judiou de mim. Me obrigou a estudar, tive de fazer duas especializações. Como um bom pai, me fez passar por um monte de coisas antes para aprender a ter pé no chão", disse à Folha.

    Eduardo deixou Nelsinho no Japão em 2011. Queria voltar ao Brasil para ser treinador, mas aceitou ser preparador físico no Sport para aprimorar a parte tática. Estava decidido que seria a sua última experiência na função.

    Apesar do bom início de carreira, não aceita se comparar ao pai. Nem a Vanderlei Luxemburgo e Tite, os outros "caras mais preparados do futebol brasileiro". Diz que tenta copiar de Nelsinho "a humildade e o respeito".

    Mas em relação aos técnicos medalhões do Brasil, alerta: correm risco de serem engolidos por uma nova geração mais bem preparada.

    "Eles têm de se atualizar. Estamos vindo com novas ideias, mais abertos a novos trabalhos, estudando mais. A parte motivacional é importante, mas um técnico tem que usar softwares, estatísticas, melhorar a parte tática. Quem vira as costas para isso está perdendo informações importantíssimas."

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