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    O futebol brasileiro estacionou, avalia Kaká

    PAULO VINÍCIUS COELHO
    COLUNISTA DA FOLHA

    10/12/2014 02h05

    Editoria de Arte/Folhapress

    A avaliação de Kaká, ex-São Paulo, depois de 11 anos na Europa, é que o país do futebol estacionou. Acomodou-se com a ideia de ser cinco vezes campeão mundial e deixou de procurar novas fórmulas de treinamento, de formar equipes. O preconceito é parte desse cardápio.

    Nos últimos dez anos, o Corinthians teve o argentino Daniel Passarella como técnico por 15 partidas, o Palmeiras contratou Ricardo Gareca que fez 13 jogos e o Inter demitiu o uruguaio Jorge Fossatti antes de completar seis meses.

    A história da formatação tática dos times do Brasil passa pela influência estrangeira. O húngaro Dori Kruschner introduziu o sistema WM no Flamengo, em 1937. Também húngaro, Bela Gutman montou o São Paulo campeão paulista de 1957. Vicente Feola era seu assistente e foi campeão pelo Brasil na Copa-1958.

    Hoje há uma certa soberba, a percepção de que o Brasil não precisa ser ensinado, porque ganhou tudo. Por outro lado, uma das razões de Passarella, Gareca e Fossatti não terem sobrevivido pode ser a dificuldade para se adaptar à quantidade de jogos e à falta de tempo para treinar, justamente as condições das quais os treinadores brasileiros reclamam.

    Moises Nascimento/Agif/Folhapress
    Kaká se despede de torcedores do São Paulo no Morumbi
    Kaká se despede de torcedores do São Paulo no Morumbi

    Até os anos 90, o intercâmbio de técnicos e jogadores do Brasil se dava com excursões à Europa. Com o Brasileiro espalhado pelo ano inteiro e os Estaduais de fevereiro a maio, é impossível achar datas.

    O calendário apertado também dificulta o trabalho de quem tenta implantar novas técnicas de treinamento, mesmo que improvisadas, como Cristóvão Borges, do Flu.

    Quando era técnico da base da seleção, Ney Franco reuniu técnicos de garotos dos 40 clubes das Séries A e B. Todos pediram um calendário anual para seus times e isso resultou na criação das Copas do Brasil sub-20 e sub-17. O atual coordenador da base da CBF, Alexandre Gallo, também tem reunido treinadores e esboçado cursos.

    "Fizemos três encontros técnicos. Sempre priorizamos a parte técnica, desde que a serviço da equipe", diz Gallo.

    A CBF avalia que o cenário não é catastrófico como se pintou depois da Copa. A seleção sub-20 venceu 30 de 38 jogos neste ano.

    No início do mês, a Federação Brasileira dos Treinadores de Futebol reuniu 107 técnicos em um seminário. A missão de difundir o esporte e espalhar conhecimento por todos os profissionais é compromisso das federações estaduais e da CBF.

    O grande fórum do futebol brasileiro jamais aconteceu. Convidar técnicos brasileiros, estrangeiros como Guardiola e Lucescu, juntar a maior inteligência do futebol no mundo e pensar nos rumos do futebol no Brasil é o caminho.

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