• Esporte

    Wednesday, 26-Jun-2024 08:39:34 -03

    Remunerado, jornalista assume o Bahia e será o mais jovem presidente

    MARCEL RIZZO
    DE SÃO PAULO

    17/12/2014 09h59

    Betto Jr/Correio da Bahia
    Marcelo Sant'Ana durante da vitória na eleição do Bahia, no último sábado (13)
    Marcelo Sant'Ana durante da vitória na eleição do Bahia, no último sábado (13)

    Para tentar voltar à elite do futebol nacional, o Bahia, rebaixado nesta temporada, terá o presidente mais jovem entre os 40 clubes que disputarão as Séries A e B do Campeonato Brasileiro em 2015.

    Com apenas 33 anos, completados em novembro deste ano, o jornalista Marcelo Sant'Ana foi eleito na última semana pelos associados do clube com mais de 40% dos votos, em eleição com seis candidatos e realizando uma campanha que durou exatos 32 dias. Ele tomará posse do cargo nesta quarta-feira (17), às 20h (horário de Brasília), na Fonte Nova.

    "Ouvi algumas críticas, algo como ele é muito jovem para ser presidente. Mas é engraçado porque todos pedem mudança no futebol brasileiro, e quando aparece uma alternativa, que pode ser a mudança, as pessoas continuam criticando", disse Sant'Ana.

    Cinco meses atrás, Sant'Ana era um dos jornalistas na tribuna de imprensa do estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, e acompanhou de perto a pior derrota da história da seleção brasileira, o 7 a 1 para a Alemanha na semifinal da Copa do Mundo.

    Fazia o trabalho para a Rede Bahia, que detém concessões de televisão (afiliadas da TV Globo), rádio e o jornal Correio, um dos principais do Estado e para o qual Sant'Ana escrevia uma coluna sobre futebol.

    "Nela eu fazia críticas à atual administração do Bahia e dava algumas sugestões. Nunca quis me envolver com a política do clube, porque não achava ético, já que trabalhava no jornal. Mas algumas pessoas que pretendiam lançar candidato à presidência me perguntaram se eu não toparia, já que na minha coluna dava sugestões de gestão e marketing", disse o jornalista.

    A possibilidade de trabalhar no clube de coração já havia surgido no início de 2014, quando o responsável pelo Departamento de Competições da CBF, o também baiano Virgílio Elíseo, comentou que poderia sair candidato. Sant'Ana foi informalmente convidado para ser o diretor de comunicações, mas a conversa parou ali.

    Elíseo ficou doente, o que o afastou até de suas funções na CBF, e o assunto trabalhar no Bahia ficou esquecido até o contato com representantes do Grupo Renovação Tricolor.

    O grupo pretendia lançar um candidato para combater principalmente Antônio Tillemont, 53, que por muitos anos trabalhou como agente de atletas e era o favorito a assumir o cargo de presidente do Bahia na eleição de dezembro.

    "Como eu trabalhava na mídia, era mais conhecido dos associados e decidiram pelo meu nome. Pesou também minha experiência com futebol, trabalhando na imprensa e cursos de gestão técnica em futebol que fiz", disse Sant'Ana.

    Seu nome foi lançado para todos os membros do grupo em 11 de novembro, 32 dias antes da eleição. E aprovado em assembleia no dia 20 de novembro, data de seu aniversário de 33 anos. Sant'Ana se licenciou da Rede Bahia assim que teve o nome confirmado como candidato a presidente.

    Gastos e ganhos

    Ele não sabe quanto foi gasto na campanha, mas apoiadores ajudaram com material de divulgação, impressão e até campanha publicitária - seus irmãos trabalham na área.

    O estatuto do Bahia prevê que o presidente precisa estar à disposição do clube em tempo integral, ou seja, não pode ter uma profissão paralela. Sant'Ana terá uma remuneração na equipe baiana, mas o valor ainda está indefinido.

    "O estatuto do clube prevê pagamento de R$ 30 mil, mas há uma lei que estipula que presidentes de entidades desportivas só podem receber até 70% do teto salarial do funcionalismo público", disse Sant'Ana.

    A lei citada é a 12.688, de outubro de 2013, que além de limitar o salário de dirigentes também proibiu reeleição ilimitada e até que parentes dos cartolas possam se eleger na sequência do mandato.

    O teto do funcionalismo público em 2014 foi de R$ 29,4 mil, portanto Sant'Ana iniciará o mandato com salário de pouco mais de R$ 20 mil.

    O novo presidente terá que conduzir o Bahia de volta à primeira divisão, e promete mudanças na diretoria logo quando assumir.

    Abaixo dele, além do sub presidente (no Bahia o termo vice é proibido, segundo Sant'Ana porque é associado ao rival Vitória), serão apenas três diretores: um de futebol, outro executivo, que cuidará da parte financeira, e um terceiro de mercado, para marketing, comunicação e associados.

    "Meu sonho quando garoto era ser jogador do Bahia, mas não tive equipamento para isso. Optei por trabalhar com o mercado esportivo, não necessariamente no Bahia, e agora surgiu essa oportunidade. O que posso dizer é: não desista dos seus sonhos", finalizou Sant'Ana.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024