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    Superbactéria em raia de treinamento da Rio-2016 preocupa, diz Grael

    FABIO BRISOLLA
    DO RIO

    17/12/2014 13h02

    Daniel Marenco - 3.ago.14/Folhapress
    Competidores no evento teste para a Olimpíada de 2016, na Baía de Guanabara, no Rio
    Competidores no evento teste para a Olimpíada de 2016, na Baía de Guanabara, no Rio

    Uma bactéria resistente a antibióticos, chamada de KPC, foi detectada em uma das cinco raias demarcadas para os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. Situada próximo à Praia do Flamengo, esta área de competição foi batizada como raia Pão de Açúcar no evento-teste de Vela organizado pelo comitê olímpico em agosto passado.

    O Instituto Estadual de Meio Ambiente (Inea) confirmou nesta terça-feira (16) a presença da KPC nas praias de Botafogo e do Flamengo, na zona sul carioca. Neste mesmo perímetro fica a raia de competição, que, aliás, é o ponto de provas mais próximo da Marina da Glória, a sede do torneio de vela olímpico.

    A contaminação pode resultar em infecções na corrente sanguínea, no sistema urinário e pneumonia. Por sua resistência a antibióticos, a KPC passou a ser chamada de superbactéria.

    "Essa notícia tem um impacto muito negativo na comunidade de vela internacional. Obviamente causa preocupação", lamentou o campeão olímpico Torben Grael, atual treinador da seleção brasileira de vela, que compareceu na noite desta terça ao Prêmio Brasil Olímpico, no Teatro Municipal do Rio.

    A Folha questionou a presidente do Inea, Isaura Frega, se os atletas deveriam interromper os treinos quando a água estiver classificada como imprópria na raia citada.

    "Sim, sem dúvida", respondeu Isaura Frega.

    Entretanto, em nota divulgada nesta quarta-feira (17), o Inea disse que "em momento algum da coletiva de imprensa, Isaura Frega, recomendou aos atletas de Vela que não treinassem na raia próxima ao Pão de Açúcar".

    O Inea afirmou ainda no mesmo texto que "não foram registradas ocorrências de KPC ou de qualquer outra bactéria nas áreas das raias olímpicas, locais que são monitorados sistematicamente e onde a água é frequentemente própria até mesmo para contato primário (banho)".

    Desde o início do ano, o Inea passou a monitorar a qualidade da águas nas cinco raias olímpicas da Baía de Guanabara. Em cinco das 13 medições realizadas em 2014 na raia Pão de Açúcar, o nível de coliformes fecais estava acima do limite máximo.

    Durante a regata internacional promovida em agosto, o comitê organizador celebrou a qualidade da água nas raias, aprovada nos testes do Inea. Desde então, o mesmo instituto classificou a água como imprópria na raia Pão de Açúcar nos meses de setembro, outubro e dezembro. Em novembro, as condições foram consideradas adequadas.

    ORIGEM DA KPC

    Segundo Renata Picão, microbiologista da UFRJ, a KPC foi detectada dentro de hospitais e começou a ser conhecida em estudos internacionais publicados a partir de 2010.

    Ela minimiza, no entanto, o potencial da bactéria fora do ambiente hospitalar.

    "Esta não é uma bactéria agressiva ou, usando um termo técnico, uma bactéria virulenta. A KPC pode causar infecções somente em pessoas com sistema imunológico debilitado. Por isso, os casos de infecção já registrados ocorrem sempre dentro de hospitais", disse a microbiologista.
    O Inea firmou uma parceria com a UFRJ, que monitora o KPC na cidade do Rio desde fevereiro de 2013. Os testes regulares realizados pelo Inea detectam apenas o nível de coliformes fecais, que concentram diversos tipos de bactéria.

    A identificação específica da KPC é realizada pela equipe da UFRJ.

    "Nós fizemos um cruzamento dos resultados dos testes do Inea com os da UFRJ. E ficou comprovado que, quando o Inea classifica a água como própria para banho, não há chances de haver a presença da bactéria KPC. Já quando a praia está imprópria, a bactéria pode aparecer", explicou Isaura Fraga.

    "Não podemos tratar com alarmismo esta situação. Mas é preciso seguir as orientações de balneabilidade divulgadas pelo Inea".

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