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    Retrospectiva: O charme alemão na Copa e a força do planejamento

    FABIO VICTOR
    EDITOR-ADJUNTO DA "ILUSTRADA"

    29/12/2014 02h00

    Aos olhos do povo alemão, tinha tudo para dar errado: seu time escolheu como base para a Copa no Brasil um lugar remoto no litoral baiano, com infraestrutura construída do zero e às pressas.

    Questionou-se no país se a vila de Santo André, com 800 habitantes e à qual só se chega de balsa, não seria um tanto selvagem para uma preparação eficaz. Duvidou-se que tudo ficaria pronto a tempo.

    Pior: o time, apesar de comprovada técnica, tampouco inspirava confiança. Chegou aqui aos frangalhos, com cinco jogadores fundamentais -o goleiro Neuer, os volantes Khedira e Schweinsteiger, o meia Özil e o atacante Klose- se recuperando de contusões.

    Não à toa, em maio, a um mês do Mundial, apenas 6% dos alemães diziam acreditar que sua seleção seria campeã mundial em 2014, segundo pesquisa do Forsa para a revista "Stern".

    Enquanto isso, os pentacampeões éramos os favoritos. No dizer de Felipão, tínhamos a obrigação de ganhar a Copa. Para Marin, o caquético presidente da CBF, vencer seria ir ao céu e perder, descer ao inferno.

    Mas não havia base racional para a euforia, sustentada por fiapos: 1) a ilusão de que o Mundial repetiria a Copa das Confederações, conquistada em 2013 pela seleção; 2) o discurso motivacional do nosso técnico; 3) o talento de um único craque, Neymar.

    Eis que, do lado alemão, logo tudo mudou. A base na praia funcionou ao modo germânico, e a Bahia tornou-se a terra da felicidade. De repente Neuer e Schweinsteiger já cantavam o hino do Bahia e aprendiam lepo-lepo, e a equipe toda dançava com os pataxós.

    A comissão técnica recuperou o time no tempo certo, durante a competição. O auge coroava um projeto de desenvolvimento de talentos iniciado pela federação alemã em 2002.

    E foi justo quando estavam tinindo e à vontade que os alemães cruzaram com os donos da casa.

    É dispensável relembrar detalhes do 8 de julho no Mineirão. Basta repetir que os 7 a 1 foram -e continuarão a ser por muito tempo- o maior vexame da história do futebol nacional.

    Ao menos duas lições floresceram do trauma: 1) confiança não vale nada sem planejamento; 2) estereótipos, como "Brasil imbatível" ou "alemães sisudos", só sobrevivem até serem atropelados pelos fatos.

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