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    Entenda a novela Dudu e a briga entre Corinthians e São Paulo

    ALEX SABINO
    DE SÃO PAULO

    09/01/2015 15h16

    O atacante Dudu, 23, fez apenas três gols no Campeonato Brasileiro do ano passado. Pelo Dínamo de Kiev, que o comprou do Cruzeiro por 5 milhões de euros em 2011, anotou apenas sete. Mas virou o sonho de consumo de Corinthians e São Paulo no início de 2015. Também passou a ser a maior novela do futebol brasileiro no ano. O Corinthians já usou todos os recursos possíveis para contratá-lo. O São Paulo não está desesperado, mas não esconde o interesse.

    Em negociações cheia de idas e vindas, é bom entender o que aconteceu, os desdobramentos e onde Dudu pode, enfim, atuar na temporada. A disputa entre São Paulo e Corinthians virou também uma briga de egos entre dois dirigentes que não gostam de perder este tipo de queda de braço: Carlos Miguel Aidar (presidente do São Paulo) e André Sanchez (ex-presidente do Corinthians).

    O COMEÇO

    Dudu interessa o Corinthians desde o ano passado, quando ainda defendia o Grêmio. Foi identificado por Mano Menezes (e também por Tite) como um atacante moderno, que joga pelos lados do campo, tem velocidade e - talvez até mais importante do que isso - ajuda na marcação. Ou, como é a terminologia dos técnicos, "acompanha a descida do lateral adversário".

    Muricy Ramalho sempre buscando "qualificar" (como sempre diz) o elenco, identificou Dudu como reforço para ter opções no elenco em um primeiro semestre em que o São Paulo terá a Libertadores pela frente.

    Lucas Uebel/Divulgação/Grêmio FBPA
    Dudu durante jogo do Grêmio contra o Sport, pelo Campeonato Brasileiro
    Dudu durante jogo do Grêmio contra o Sport, pelo Campeonato Brasileiro

    AS PROPOSTAS

    O Corinthians oferece R$ 13 milhões para comprar 60% dos direitos econômicos do atleta. O São Paulo paga R$ 11 milhões por 50%. As duas equipes acreditam que Dudu, por ser jovem, tem valor de mercado para uma venda futura.

    SÃO PAULO NA FRENTE

    O Dínamo de Kiev gostou mais da proposta do São Paulo pela forma como o pagamento seria feito. Os dois clubes brasileiros se propuseram o parcelamento, mas o time do Morumbi daria uma "entrada" no ato da compra. O Corinthians ofereceu dividir o dinheiro durante o ano, sendo que a primeira prestação seria quitada apenas em maio.

    CORINTHIANS NA FRENTE

    O São Paulo já tinha o contrato de Dudu escrito. O Dínamo havia aceitado a venda. Faltava a assinatura do jogador. Quando Andrés Sanchez assumiu as negociações, Dudu foi convencido que o melhor seria defender o Corinthians. Por isso, deu uma declaração ao Globoesporte.com de que queria se transferir para o Parque São Jorge. Uma frase calculada para criar um mal estar com o São Paulo e inviabilizar a transferência por causa da rivalidade entre as duas torcidas.

    QUASE TUDO FECHADO

    O Corinthians acreditou que a contratação estava sacramentada. Até porque o Dínamo resolveu aceitar também o valor oferecido pelo clube alvinegro. Mas, antes de fechar a transação, os ucranianos pediram que o comprador apresentasse garantias bancárias de que o pagamento seria feito. Basicamente, ficaram preocupados com a possibilidade de levar calote. O Corinthians, com problemas financeiros, deve direitos de imagens para parte do elenco profissional. Mano Menezes não recebeu esta parte do contrato pelos últimos seis meses em que ficou na equipe. Ralf é credor de mais de R$ 3 milhões.

    O Corinthians tinha certeza de que ficaria com o reforço também porque já havia quitado parte das luvas de Dudu e dos intermediários da negociação.

    CONTRA-ATAQUE DO SÃO PAULO

    O São Paulo avisou o Dínamo que a proposta feita continuava de pé. Ainda queria contratar o jogador, mas passou a encontrar muita dificuldade para conversar com os representantes de Dudu, o que eventualmente aconteceu. O que a diretoria percebeu é que a primeira opção continuava sendo o Corinthians. Mas insiste em tê-lo porque, na visão da cartolagem do Morumbi, seria também uma vitória moral.

    CORINTHIANS INSISTE

    O Corinthians fez outra tentativa, se apoiando na vontade de Dudu. O Dínamo de Kiev apresentou, como alternativa, receber a primeira parcela (cerca de R$ 3 milhões) à vista e a segunda parcela (outros R$ 3 milhões) em maio. É uma encruzilhada para o presidente Mario Gobbi. Ele quer usar os escassos recursos disponíveis para quitar a dívida com o elenco, principalmente porque, em 4 de fevereiro, o time começa a enfrentar o Once Caldas (COL), pela primeira fase eliminatória da Libertadores. A princípio, a resposta para os ucranianos foi negativa. Mas a pressão é grande sobre o presidente para encontrar uma solução e contratar Dudu, apesar dos discursos oficiais de que "está difícil" ou que "o Corinthians desistiu do negócio".

    O São Paulo espera.

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