• Esporte

    Tuesday, 07-May-2024 10:49:42 -03

    Marcelo Teixeira diz que pode fazer novo empréstimo ao Santos

    ALEX SABINO
    DE SÃO PAULO

    19/01/2015 02h00

    Marcelo Teixeira, 50, que já foi credor de R$ 20 milhões no Santos, admite voltar a fazer empréstimos para o clube. Em entrevista à Folha, ele disse considerar a situação financeira na Vila Belmiro "muito perigosa".

    "Eu não gostaria. Mas se for preciso, coloco dinheiro no Santos", afirmou.

    Presidente entre 2000 e 2009, ele fez acordo com o então presidente Luis Alvaro (2010-2013) para receber o dinheiro de volta. A dívida está sendo paga em parcelas mensais.

    Teixeira admite ser o fiador da eleição de Modesto Roma Júnior, 62, à presidência do Santos, no final de 2014. O atual mandatário foi eleito por causa do apoio do grupo político do dirigente que comandou o clube por quase dez anos.

    A família dele é dona da Universidade Santa Cecília, na Baixada Santista.

    O ex-cartola nega já ter emprestado dinheiro ou ter sido avalista de operações bancárias para o Santos neste ano.

    Durante o mandato de Teixeira, Modesto foi funcionário do clube. A amizade das famílias é antiga. O pai de Marcelo, Milton Teixeira, foi amigo de Modesto Roma. Ambos diretores e presidentes entre os anos 60, 70 e 80.

    O Santos tem enfrentado dificuldade para pagar contas básicas. O gramado da Vila ficou dois meses sem manutenção no final de 2014. Faturas de floriculturas, empresas de terceirização, água e luz foram renegociadas.

    Por falta de pagamento de salários, seis atletas entraram na Justiça (Mena, Arouca, Matheus Índio, Leandro Damião, Renê Júnior e Felipe). Aranha teve o pedido indeferido. Os reforços para o time de 2015 têm sido os que aceitam receber baixos salários.

    O atacante Ricardo Oliveira assinou contrato por R$ 40 mil mensais. "Tomara que eu me surpreenda, mas não vejo como o Santos possa brigar por títulos por enquanto", concedeu Teixeira.

    "O Santos não tem crédito nenhum na praça. A situação é dificílima. Onde vão buscar recursos?", questiona.

    Acusado por adversários de também ter deixado o clube em situação difícil ao sair da presidência, em 2009, Teixeira diz que trabalhou para reduzir a dívida.

    Contesta também a informação publicada pela Folha neste domingo (18) de que o passivo do Santos ao final de 2009 era de R$ 222 milhões. "Eu reduzi o perfil da dívida, que ficou em R$ 70 milhões."

    Afastado dos holofotes desde que levantou da cadeira de presidente em 2009, apareceu pouco mesmo durante a campanha de Modesto. Jura que não vai ocupar nenhum cargo na administração. Mas não nega ser eminência parda.

    "Eu nunca vou deixar de ajudar o Santos. Essa é uma característica da minha família. Posso ajudar de várias formas, inclusive com a experiência", lembra.

    NEYMAR

    Para Marcelo Teixeira, o Santos entrou em uma espiral de crise financeira por causa de erros administrativos. Nenhum tão grande quanto a venda de Neymar.

    Ele lembra que Luis Alvaro (presidente entre 2010-2013) renegociou o contrato do atacante e reduziu o término do vínculo de fevereiro de 2015 para julho de 2014.

    "Por que fazer isso? O atleta já tinha uma multa alta (30 milhões de euros). O clube perdeu. Foi um erro", avalia.

    Em maio de 2013, Neymar foi para o Barcelona e o Santos recebeu 17 milhões de euros. Também obteve 7,9 milhões de euros pela preferência de compra de Giva, Victor Andrade e Gabriel, que estavam nas categorias de base.

    "O Santos depreciou seu patrimônio e perdeu o Paulo Henrique Ganso, que saiu barato [R$ 23,8 milhões]. Os reforços contratados foram ruins", reclama.

    "Houve aumento no número de funcionários do clube e com salários altos. Havia jogadores históricos trabalhando para revelar talentos. Gente como o Zito, Abel, Formiga... Nos últimos anos, atletas têm sido avaliados apenas por scouts e DVD."

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024