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    Valdivia é craque, mas Zé Roberto está em outro patamar, diz Oswaldo

    DIEGO IWATA LIMA
    DE SÃO PAULO

    28/01/2015 02h00

    O técnico Oswaldo de Oliveira, 64, está contente com o elenco que tem no Palmeiras. Afinal, 16 reforços chegaram ao time neste ano.

    Mesmo assim, ele entende que outros jogadores podem ser contratados até o Campeonato Brasileiro.

    Embora demonstre confiança no grupo, o treinador vê Zé Roberto como o único craque consagrado do time do Palmeiras.

    De acordo com Oswaldo, até mesmo Valdivia, que desde 2010 tem sido a principal referência da equipe, não está no mesmo nível do lateral que veio do Grêmio.

    "O Valdivia é um craque. Mas o Zé Roberto está em um outro patamar", diz ele. "Os demais são jogadores muito promissores, alguns de muito bom nível", diz.

    A quatro dias da estreia no Paulista, contra o Audax, sábado (31), Oswaldo concedeu essa entrevista à Folha.

    Abordou temas que destoam do discurso-padrão dos profissionais do futebol.

    Em meio a explanações táticas e críticas à formação dos atletas, Oswaldo defendeu uma "formação humanística" para os jogadores brasileiros e enfatizou sua paixão pelo jazz, especialmente pelas músicas de Chet Baker.

    FOLHA- Ainda cabem reforços nesse grupo?
    Oswaldo de Oliveira -Para o Paulista, vamos assim. Para o Brasileiro, podemos pensar em reforços. Esse grupo é promissor, mas o único craque consagrado é o Zé Roberto. Os demais são jogadores promissores, alguns de muito bom nível.

    Mesmo o Valdivia?
    O Valdivia é um craque, mas o Zé Roberto está em outro patamar.

    O senhor esperava que tantos reforços fossem chegar?
    Eu sabia que íamos contratar muitos jogadores, mas não tantos. Isso se justifica pela ideia do clube, de ter uma nova estrutura mais moldável, livre dos momentos difíceis dos últimos anos. E isso é bom, de certo modo.

    Trabalhar sem atraso de salários facilita seu trabalho?
    Sim, porque aí posso focar em trabalhar só no campo. Vivenciei muito isso no Japão. A qualidade do futebol deles nem se compara à nossa. Mas a organização, dos orçamentos por exemplo, é muito maior. Seria muito bom que as pessoas que organizam o nosso futebol fossem ao Japão para aprender.

    Apu Gomes/Folhapress
    Oswaldo no centro de treinamento do Palmeiras, que está em obras
    Oswaldo no centro de treinamento do Palmeiras, que está em obras

    A organização da Copa do Mundo não teve efeito prático na rearticulação do futebol por aqui, não é?
    Mas vai ter. Acredito que a Copa tenha sido o divisor de águas que esperávamos, mas é uma situação que vai acontecer aos poucos.
    Até porque o futebol brasileiro engatinha no que diz respeito à organização dos clubes, confederações e federações.

    O senhor já trabalhou no Japão e outros países. Esta é a melhor parte do seu trabalho?
    Não digo a melhor, mas é muito bom entrar em contato com realidades tão diferentes da brasileira.

    Acha que é um técnico melhor por valorizar aspectos culturais e falar outros idiomas, por exemplo?
    Não gostaria de falar isso porque seria antiético me colocar acima de colegas com outros perfis. O que afirmo é que o contato com as artes acaba melhorando você como um todo.

    Ainda é um consumidor de jazz, fã de Chet Baker?
    Ouço Chet Baker todos os dias, no meu carro, vindo para cá. O problema é que não há mais novidades dele. Comprei tudo que era possível. Tenho especial predileção por um disco que ele gravou com o brasileiro Rique Pantoja, que é algo que nenhum ser humano deveria passar a vida sem ouvir ao menos uma vez.

    Dá para levar Chet Baker e o jazz para o campo de jogo?
    Diretamente, não. Mas as artes nos tornam seres humanos mais sensíveis, nos amolecem, em um bom sentido. E todo trabalho feito com sensibilidade é mais bem feito.

    Rivaldo Gomes - 17.jan.2015/Folhapress
    Oswaldo no amistoso do Palmeiras contra o Shandong Luneng (CHN)
    Oswaldo no amistoso do Palmeiras contra o Shandong Luneng (CHN)

    Trabalhar com emoção é bom especialmente com os jovens, não é?
    Sim, mesmo porque há uma lacuna na formação dos nossos jogadores no Brasil. Aqui, formam-se jogadores, não homens. Falta uma formação humanística mais completa, para prepará-los para essa vida tão cheias de extremos e estresses.

    Por falar em emoção, como está sendo pensar na lista de 28 jogadores que poderá inscrever no Paulista?
    Estou sofrendo com isso, confesso, porque respeito muito os jogadores. Sou totalmente contrário a isso. Não se pode limitar desse modo porque os jogadores, especialmente os jovens, vão se desenvolvendo com o tempo. E esse limite de 28 amputa esse processo natural.

    Qual esquema o senhor pretende usar no Palmeiras?
    Gosto do 4-2-3-1 [três meias e um atacante]. Mas também pretendo usar três atacantes em alguns momentos, quando os jogos permitirem.

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