Novidade na atual edição do Paulista, o limite imposto aos clubes pela FPF (Federação Paulista de Futebol) de inscrever 28 jogadores no torneio terá impacto no surgimento de novos talentos.
Essa é a avaliação da maioria dos técnicos e dirigentes dos clubes que disputam o campeonato, que começa neste sábado (dia 31), ouvidos pela Folha.
Segundo técnicos e dirigentes, a regra os leva priorizar a inscrição de jogadores que tenham experiência em detrimento dos novatos das categorias de base.
"Se não tivesse esse limite, poderíamos inscrever mais jogadores da base e levar esses meninos para o banco de reservas para ganhar experiência, viver a expectativa de jogar. Temos um time sub-20, mas não podemos divulgar", disse o ex-jogador Alex Afonso, gerente de futebol do Rio Claro.
A Portuguesa tinha interesse em mesclar jovens e veteranos pensando na Série C do Campeonato Brasileiro, disputa que vai priorizar no ano. Considerou arriscado. "Provavelmente teremos menos revelações", admite o técnico Aílton Silva, da Lusa.
Vice da Copa São Paulo de futebol júnior neste ano e com histórico nos últimos anos de priorizar a base, o Botafogo tinha o interesse de usar mais atletas do torneio no Paulista. "É certo que três vão treinar com o time principal. Tínhamos condições de aproveitar mais meninos que se destacaram, mas não podemos colocar em risco nossa campanha", disse Fernando Gelfuso, diretor da equipe.
No elenco que disputará o Paulista, o clube conta com vários jogadores revelados nas categorias de base, mas que já faziam parte do time principal.
O Corinthians, campeão da Copinha deste ano, ainda não inscreveu nenhum dos seus jovens talentos para disputar o Paulista. Mas é possível que os novatos assumam as duas vagas ainda não ocupadas entre os inscritos.
Oswaldo de Oliveira, do Palmeiras, gostaria de colocar em campo nomes como Gabriel Jesus, que empolgaram na Copinha. Mas ele deve deixar o plano de lado. É provável que só aproveite os que já faziam parte do elenco, como o zagueiro Nathan.
As escolhas do treinador tornam-se mais difíceis porque o elenco tem mais de 30 atletas. Na quinta (29), o Palmeiras divulgou os 18 inscritos para a estreia (sábado, dia 31, contra o Audax) e deve definir os últimos dez até o dia 10 de fevereiro (data-limite).
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No ano passado, quando dirigia o Santos, Oswaldo promoveu até 13 campeões da Copa São Paulo no Estadual. Utilizou cinco nos jogos.
Há quem aposte também que essa nova medida vai aumentar o número de técnicos demitidos. "O maior problema vai ser para o treinador. Se o time estiver mal no campeonato, não terá mais como mudar o elenco e vai acabar sobrando para o treinador. Vai ter muita dança dos técnicos", opina Claudinho Baptista, técnico do Mogi Mirim.
ANTES E DEPOIS
A proposta de uma nova regra –a limitação aos 28 inscritos– foi apresentada em novembro no conselho arbitral da federação paulista aos representantes dos 20 times participantes.
Curiosamente, àquela altura, boa parte dos clubes que agora reclamam endossaram a alteração.
Houve um acordo entre os cartolas. Alguns deles criticaram a mudança e sugeriram limitar em 25 atletas do profissional sem limite para atletas oriundos da base.
A contraproposta não foi aprovada, mas os dirigentes insatisfeitos recuaram depois que a cúpula da FPF os informou que essa proposta dos 25 pode ser adotada em 2017.
O QUE DIZ A FPF?
A federação defende a inscrição de 28 jogadores como forma de "auxiliar no planejamento". Justifica que, com elencos mais reduzidos, os clubes gastarão menos porque não poderão trocar jogadores durante a competição.
A reportagem apurou que o principal objetivo, porém, foi evitar que os grandes do Estado escalem reservas em seus jogos, especialmente Corinthians e São Paulo, que disputarão a Libertadores junto com o Paulista.
