Flagrado no antidoping, Anderson Silva, 39, resolveu pedir a contraprova do exame, indicou sua equipe, que argumentou que o teste que apontou uso do esteróide drostanolona e também de androsterona não é final.

Conhecido como o maior lutador de MMA (artes marciais mistas) da história, Anderson retornou ao octógono do UFC na madrugada de domingo (1º), após mais de um ano inativo, com uma vitória sobre o americano Nick Diaz, que também foi pego no antidoping por uso de maconha.

Segundo a assessoria de imprensa de Anderson Silva ele se pronunciará "assim que houver uma posição oficial, pois ainda não saiu o teste final", em alusão à prova "B". Membros de seu time defendem a sua inocência.

Se for comprovado o uso de doping, Anderson ficará sujeito a uma suspensão de 9 meses, por ter sido seu primeiro caso de doping, e terá que pagar uma multa. No momento ele já está suspenso temporariamente.

O lutador será ouvido por membros da comissão em uma audiência no dia 17.

Anderson começara na segunda a participar das gravações do reality show "The Ultimate Fighter", nos arredores de Las Vegas. A Folha apurou que o lutador participou normalmente do programa nesta segunda e terça.

No fim da noite de terça-feira o UFC divulgou nota informando que Anderson Silva havia sido flagrado no teste fora de competição aplicado no último dia 9 de janeiro.

O UFC alega ter sido informado do resultado positivo no exame na própria terça-feira pela Comissão Atlética do Estado de Nevada (EUA).

A comissão é o órgão regulador do esporte ligado ao governo. É a comissão que "encomenda" os testes para o Laboratório de Pesquisa de Medicina Esportiva e Exames de Utah e que depois repassa para o UFC, procedimento idêntico ao adotado com as firmas que promovem lutas de boxe.

O laboratório justificou a demora em apresentar o resultado do teste do "Spider".

"Quem faz a coleta marca a prova com um número, não com o nome. O analista no laboratório não faz ideia de quem está sendo examinado", justificou Daniel Eichner, diretor-executivo do laboratório, ao explicar que não é pautado pela data em que acontecem os eventos.

"Por isso não tem como impor mais ou menos urgência aos exames. Na Olimpíada tem gente que corre dopada e que depois tem a medalha cassada", completou.

Como uma empresa privada, sem estar ligada à Agência Mundial Antidoping (WADA, na sigla em inglês), o UFC pode aplicar a punição que desejar ao brasileiro.

No entanto, se fosse um esporte olímpico, o lutador pegaria no mínimo 4 anos de suspensão, afirma o advogado brasileiro especializado em antidoping, Thomaz Sousa Lima Mattos de Paiva.

"Como o UFC não é vinculado à Wada, a situação é obscura. Não respeitam padrões internacionais do código antidoping. Agora estão tentando seguir, mas não respeitam ainda. Como têm aspiração de ser esporte olímpico, provavelmente vão tentar se adequar. O caminho é longo", diz Mattos de Paiva.

O laboratório que fez o exame, por exemplo, é credenciado pela Wada.

PERGUNTAS E RESPOSTAS

O que são as substâncias drostanolona e androsterona?

São anabólicos sintéticos, ou seja, não são fabricados espontaneamente pelo corpo e têm função similar. Não são fabricadas para doping, mas para tratar doenças.

Como se toma essas substâncias?

Podem ser injetadas ou tomadas por via oral.

Para que servem?

São usadas para aumento de massa muscular, perda de gordura e, em um atleta, pode melhorar a performance e aumentar a agressividade.

Quanto tempo as substâncias permanecem no corpo?

Depende da combinação que se faz de ambas e da quantidade delas na dose.

Para o tratamento de quais doenças essas substâncias são indicadas?

Em casos de câncer, anorexia, queimaduras graves, grandes cirurgias e até no tratamento de asma.

É possível comprar essas substância em uma farmácia, por exemplo?

Sim, com receita médica específica, uma caixa de produtos que contenham qualquer uma das duas substância pode ser encontrada por R$ 25 cada.

Há efeitos colaterais?

Sim, do aparecimento de acne até o aumento de colesterol, entre outros.