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    Cadastro defasado do Corinthians deixa eleição vulnerável

    ALEX SABINO
    DE SÃO PAULO

    05/02/2015 02h00

    De acordo com dados do IBGE, o Brasil tem cerca de 30 mil cidadãos com mais de 100 anos. Eles representam 0,01% dos quase 204 milhões da população brasileira.

    No Corinthians, esse percentual é bem diferente –ao menos, considerando os dados oficiais. O clube tem 11.600 sócios aptos para votar, dos quais 686 já passaram dos cem anos.

    O cadastro dos associados, obtido pela Folha a partir de dados fornecidos pelo clube às chapas registradas para a eleição que vai acontecer neste sábado (dia 7), mostra que, teoricamente, 2,3% dos sócios têm mais de cem anos, percentual muito superior à da população do país.

    De acordo com essa lista, 117 sócios estão com mais de 110 anos e são mais velhos que o próprio Corinthians, que completará 105 anos no dia 1º de setembro de 2015.

    Os três associados mais idosos estariam com 115 anos.

    Ou seja, é muito provável que o cadastro do clube esteja desatualizado, o que torna o sistema eleitoral mais vulnerável a irregularidades.

    A Comissão Eleitoral do Corinthians confirma que a lista de votantes pode conter erros, mas promete fiscalizar o pleito da melhor maneira possível.

    "A gente imagina que quase todos esses sócios não estão mais vivos ou não vão votar. Tenho como prometer que as carteirinhas dessas pessoas não serão usadas? Não tenho. Mas vamos fazer uma fiscalização severa para que não aconteça", reconhece Guilherme Strenger, vice-presidente do Conselho Deliberativo e membro da comissão que coordena o pleito.

    A diretoria executiva do clube (o atual presidente é Mário Gobbi, e seu candidato à sucessão é Roberto de Andrade) não tem relação direta com a organização da eleição. Responsável pela votação, o Conselho Deliberativo é tido como órgão independente.

    VIVO OU NÃO

    Para participar da escolha do próximo presidente, é preciso estar filiado ao clube há pelo menos cinco anos e com as mensalidades em dia.

    Strenger afirma que o problema da lista de sócios é que não há como verificar quem está vivo ou não. "A família teria de informar e isso quase nunca acontece", afirma.

    O argumento da oposição, cujo candidato é Antônio Roque Citadini, é que o conselho deveria ter realizado um recadastramento para evitar suspeitas de fraude.

    Com o novo estatuto, feito em 2012, o clube foi obrigado a recadastrar os associados remidos (filiados desde 1957), convocando todos a atualizar as informações. Quem não participasse seria excluído do quadro social corintiano.

    O número expressivo de sócios centenários mostra que esse processo não funcionou adequadamente.

    "A fiscalização na eleição do Corinthians é igual à fiscalização do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na eleição para presidente da República", afirma Nei Nujud, que faz parte da comissão eleitoral, para garantir a confiabilidade do pleito.

    A ELEIÇÃO NO CORINTHIANS

    Sistema de votação
    Desde 2008, quando foi aprovado o novo estatuto, as eleições do clube são por voto direto, isto é, os sócios do clube votam diretamente no candidato à presidência

    Colégio eleitoral
    Somente os sócios com mais de cinco anos de associação e que estavam com o pagamento de suas mensalidades e anuidades em dia até 7 de dezembro de 2014, quando a lista de eleitores foi fechada, podem votar no pleito

    Candidatos
    Os candidatos à presidência do Corinthians têm de ser sócios do clube há pelo menos 11 anos e ter tido 2 mandatos como conselheiro

    Mandato
    O candidato que receber mais votos é eleito para um mandato de 3 anos, sem direito a reeleição

    Conselho
    São eleitos ainda 200 conselheiros que se juntam a outros 100, estes vitalícios. Não existem conselheiros indicados pelo presidente

    COMO É NOS RIVAIS

    PALMEIRAS - Eleição direta. Os sócios aptos a votar escolhem o novo presidente

    SANTOS - Eleição direta. Os sócios aptos a votar escolhem o novo presidente

    SÃO PAULO - Eleição indireta. Os sócios do clube elegem 80 conselheiros para um mandato de seis anos. Os eleitos se unem a 155 conselheiros vitalícios e escolhem o presidente

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