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    Velódromo é o maior foco de atenção, diz secretário-executivo do Ministério

    PAULO ROBERTO CONDE
    ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

    07/02/2015 02h00

    Sérgio Lima - 28.jan.2015/Folhapress
    Novo Secretário-executivo do Ministério do Esporte, Ricardo Leyser, em seu escritório em Brasília
    Novo Secretário-executivo do Ministério do Esporte, Ricardo Leyser, em seu escritório em Brasília

    Oficializado na última semana como novo secretário-executivo do Ministério do Esporte, Ricardo Leyser, 44, afirmou que a construção do novo velódromo será o maior foco de atenção até os Jogos Olímpicos do Rio-2016.

    Segundo ele, o motivo que põe um ponto de interrogação na obra, que custará R$ 118 milhões e será custeado pelo governo federal, é a situação da empresa Tecnosolo Serviços de Engenharia, responsável pelo serviço.

    A companhia, que venceu licitação para erguer o velódromo no final de 2013, funciona em plano de recuperação judicial há quase três anos. Os trabalhos começaram em fevereiro de 2014, mas com diversos problemas.

    "O que chama a atenção hoje é o velódromo, que tem um plano de recuperação de tempo, mas dada a fragilidade da empresa que ganhou a licitação é um ponto sempre de atenção. Até o último momento acompanharemos o velódromo", afirmou Leyser, em entrevista à Folha.

    Ao se referir a "plano de recuperação de tempo", o secretário-executivo da pasta recordou de dificuldades técnicas que quase paralisaram a obra, sobretudo no que se refere a fundações.

    A Tecnosolo, por exemplo, teve de fazer mudanças no método de construção: trocou o formato de estaca –trocou para o de hélice contínua.

    "O nível da entrega e da qualidade é muito alto. Mesmo uma coisa que aparentemente está em dia pode ter um problema no final. É preciso ter atenção total até o último momento", disse Leyser.

    A entrega da obra do velódromo está prevista para o quarto trimestre de 2015.

    Agora no posto de secretário-executivo, ele ocupará cargo chave no governo federal na condução do planejamento olímpico até 2016.

    Remanescente da gestão de Aldo Rebelo (PC do B) –agora é ministro da Ciência e Tecnologia– ele se tornou o principal assessor de George Hilton (PRB-MG).

    Confira a íntegra da entrevista concedida em Brasília, no último dia 19, à Folha.

    *

    Folha - Quais serão suas primeiras ações como comandante do projeto olímpico dentro do governo federal?
    Ricardo Leyser - Existe uma unificação da coordenadoria de Olimpíada no Ministério do Esportes. Tínhamos um pedaço na secretaria de alto rendimento e outro na secretaria-executiva. A parte de obras e de preparação de atletas estava com o alto rendimento e a participação entre ministérios, mais geral, estava na secretaria-executiva. Agora, fica mais centralizada na executiva, em que pese que os órgãos executivos continuarão a cumprir seu papel.

    A interlocução com o COI (Comitê Olímpico Internacional) fica exclusivamente com você a partir de agora? O ministro George Hilton sai de cena?
    O ministro é a figura principal. Mas, tecnicamente, em condições administrativas é a secretaria-executiva que toca. O ministro fica no seu papel de interlocução política e de grande garantidor da participação federal. Mas, em termos de órgãos do ministério, concentramos um pouco mais na secretaria-executiva.

    No primeiro semestre de 2014, a organização dos Jogos do Rio foi muito criticada por presidentes de federação e membros do COI. Hoje, ainda continua muito atrasada?
    Em projetos desta natureza, com essa complexidade, é preciso levar todos os pontos com muita atenção até o final. O nível da entrega e da qualidade é muito alto. Mesmo uma coisa que aparentemente está em dia pode ter um problema no final. É preciso ter atenção total até o último momento. Do ponto de vista das instalações esportivas, creio que elas já estão muito mais resolvidas. Tanto as de competição quanto as de treinamento, que estão se iniciando por serem obras mais simples. O que chama a atenção hoje é o velódromo, que tem um plano de recuperação de tempo, mas dada a fragilidade da empresa que ganhou a licitação é um ponto sempre de atenção. Até o último momento acompanharemos o velódromo.

    Não há nenhuma outra preocupação?
    Há a questão do credenciamento do laboratório [LBCD, Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem, que perdeu sua certificação internacional em 2013], que está indo bem. Esperamos no curto prazo ter esse credenciamento de volta. Neste ano, com certeza. E provavelmente neste primeiro semestre. Ao menos esta é a nossa expectativa. E há questões estruturais de maior complexidade, como a baía de Guanabara e outros projetos com centenas de milhões de reais investidos. Houve um avanço grande [na baía], mas ainda é preciso de algo maior até 2016.

    Assim que foi comunicada a troca de Aldo Rebelo por George Hilton, houve uma enxurrada de críticas de atletas. Para aplacar essa descrença, comentou-se que sua permanência foi exigência de Dilma Rousseff.
    Quem me convidou foi o próprio ministro, já com essa ideia de não haver descontinuidade. Obviamente, sabia que eu cumpriria um papel em ajudar a fazer essa transição para que não houvesse dúvida. Vivemos um momento muito bom em termos de investimento, com muitos projetos em andamento, e é natural que as pessoas se preocupem com a continuidade. Em alguns casos, houve uma certa precipitação. Antes de se conhecer o ministro, algumas críticas foram exageradas. Eu atribuo isso a uma certa despolitização que existe hoje no Brasil. Uma negação da política e de tudo que é ligado a ela. Cito até mesmo o questionamento sobre se o ministro conhece ou não esporte. Isso aqui é um ministério, não é um clube. Não precisamos de alguém que entenda de gestão de time, mas sim que entenda de política e de administração pública. É isso o que um ministro precisa ter: força política para defender o seguimento. Não precisa ser uma pessoa técnica com experiência na área. O ministro tem essa dimensão, tem essa força e tem o apoio da presidente. Isso que é relevante. No resto, ele está montando uma equipe extremamente técnica e qualificada, no meu entendimento.

    Agora, em fevereiro, haverá reunião entre autoridades brasileiras e dirigentes do Comitê Olímpico Internacional. O COI reagiu bem a esta troca de ministros?
    Não tivemos nenhum problema em relação ao COI. A decisão de nomear ministros é do governo brasileiro, e o COI é muito sensível de não se intrometer nestas questões. A reação foi natural, normal, como tem sido até o momento. Ele sabe a fronteira entre o que diz respeito à soberania brasileira e o interesse do evento.

    Sérgio Lima - 28.jan.2015/Folhapress
    Ricardo Leyser será o homem-forte do governo federal nos Jogos Olímpicos do Rio-2016
    Ricardo Leyser será o homem-forte do governo federal nos Jogos Olímpicos do Rio-2016

    O Brasil tem gasto muito dinheiro para construir instalações esportivas. Mas como ficará a questão de gestão de todo este equipamento bilionário? O país estrutura para isso?
    Este tema é importante. É um assunto caro para a secretaria de alto rendimento. Avançamos muito, mas falta muita coisa a avançar. Uma das estratégias nossas é casar a estrutura com a prática. Isso vai desde a identificação de um segmento que necessita até vias práticas internacionais. O Centro Paraolímpico Brasileiro [que está sendo construído em São Paulo] é uma leitura estratégica do país. O Brasil cresceu muito no segmento paraolímpico, mas ainda há alguns países com diferenciais, como a Ucrânia e a China, que devido ao fato de terem centros nacionais estavam a nossa frente. Já existe a demanda pelo centro. Nossas seleções paraolímpicas já treinam em vários estágios no exterior, mas agora poderão se unir aqui.

    As autoridades responsáveis pela organização da Rio-2016 sempre bateu na tecla de que há uma harmonia entre todos os entes. Mas, em janeiro, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, criticou duramente a falta de investimento federal no esporte de alto rendimento. Essa sintonia está quebrada?
    Eu acho que talvez tenha sido um problema de interpretação. Ele falou que o alto rendimento é mais responsabilidade do governo federal do que o município. É verdade. Eu entendo mais como uma declaração dele de princípios do que como uma avaliação sobre os níveis de governo em relação aos Jogos Olímpicos. Nós temos cerca de R$ 2 bilhões só em obras esportivas no Rio, a maior parte com a prefeitura. Então, não temos problema com o prefeito. Entendo que ele fez essa declaração mais na intenção, e que nós achamos correto. Alto rendimento é mais do governo federal do que do municipal. Talvez por não conhecer, não estar no dia a dia, ele fez o comentário. Mas em 2014 inauguramos 13 centros novos.

    Brasília abdicou do direito de sediar a Universíade de 2019. Não é nada bom para a imagem do Brasil desistir de um evento. O ministério vai se posicionar de que forma?
    A ideia é que o Brasil não perca a Universíade. Essa decisão de Brasília de desistir é muito recente. O ministério está estudando com a CBDU (Confederação Brasileira do Desporto Universitário) e com a Fisu (Federação Internacional do Esporte Universitário) para entender que providência podem ser tomadas para mantermos o evento. Seria em outra cidade brasileira, obviamente. Para nós, a Universíade é muito importante. Copa do Mundo, Olimpíada e Jogos Mundiais Militares não são um evento em si. É a inserção do Brasil em uma indústria que tem a ver com turismo, esporte e outros setores de entretenimento da economia. Realizá-la em outra cidade é a chance de nacionalizar esses benefícios. Minas Gerais tem uma estrutura grande, São Paulo e mesmo outras. Estudamos estas alternativas porque queremos manter o evento no Brasil. O ministro pediu que tentasse resolver esta questão.

    O Rio não receberia a competição?
    O Rio tem a vantagem de possuir equipamentos, mas está muito focado na realização dos Jogos Olímpicos. Se a Universíade fosse um pouquinho mais à frente, seria mais fácil. Mas agora o foco é muito na Olimpíada. Não há capacidade gerencial de, neste momento, se dedicar à Universíade.

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