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    Com gás total após cirurgia, Pupo se prepara para seu 5º Mundial de surfe

    ÉDER FANTONI
    DE SÃO PAULO

    22/02/2015 02h00

    O paulista Miguel Pupo, 23, é mais um nome da galeria de novos surfistas do Brasil. E embalado pelo sucesso do amigo Gabriel Medina, 21, ele se prepara para participar do seu quinto Mundial.

    Os resultados até aqui são modestos. A sua melhor colocação no campeonato foi o 17º lugar em 2012. E ele ainda procura o seu primeiro triunfo na elite do surfe.

    O Mundial de 2015 começa no próximo domingo (28), em Gold Coast, na Austrália. E Pupo se diz agora mais preparado do que nunca para finalmente sentir o gosto da vitória. Até porque ele nunca esteve com tanto gás.

    O início da sua carreira não foi fácil. Não necessariamente pelo forte 'caldo' que levou quando tinha quatro anos e o afugentou do mar até os oito. "Meu pai me deixou cair no mar e fiquei um tempão debaixo d'água. Fiquei com medo", afirmou Pupo à Folha.

    O maior problema veio depois disso. O surfista, que nasceu em Itanhaém, litoral de São Paulo, começou a ter problemas em sua arcada dentária aos 13 anos, o que afetou a sua condição física.

    Segundo relatos dos médicos, ele tinha só 50% da capacidade total da sua respiração, o que afetava diretamente o seu desempenho no mar.

    "A parte de cima da minha boca era menor do que a de baixo, ficou muito funda e tampou a base do nariz. Isso tornou a ventilação pelas narinas muito difícil", disse.

    Pupo respirava quase sempre pela boca, o que tornava o seu dia mais cansativo.

    Por conta das muitas e longas viagens para competir, o surfista sempre dispensou um tratamento. Mas o problema se agravou. Começou a interferir até no sono.

    "Quando você não dorme bem, já começa o dia mal. Queria dar um gás a mais, mas não conseguia", resume.

    Em 2013, depois de sofrer uma lesão no tornozelo que o tirou das primeiras etapas do Mundial, Pupo fez uma promessa: se conseguisse se manter na elite do surfe, faria uma cirurgia.

    Em Pipeline, no Havaí, no mesmo cenário em que Medina conquistaria o título mundial um ano mais tarde, o paulista chegou até as quartas de final e garantiu o seu lugar no campeonato de 2014. Um dia após desembarcar no Brasil, foi submetido à operação na boca.

    "Eu senti a diferença em 2014. Melhorou muito. Mudou a minha vida. Disputar três ou quatro baterias no mesmo dia, agora, está mais fácil", afirmou.

    No ano passado, pela primeira vez, Pupo conseguiu ficar em quinto lugar (melhor colocação na sua carreira) em duas etapas: Gold Coast, na Austrália, e na França.

    "O ano de 2013 foi de muito aprendizado. Me fez mais forte e deu uma renovada", afirmou.

    LUTA E SURFE

    Para triunfar no surfe, Pupo não usa apenas as táticas convencionais do esporte, como se posicionar bem para pegar um bom tubo ou acertar um aéreo para impressionar os juízes. O surfista trabalha também o seu psicológico com a filosofia do jiu-jitsu.

    "Imagine que um cara está te atacando, te amarrando e tentando te finalizar. Você tem que achar uma saída. O jiu-jitsu te ajuda a usar a cabeça sob pressão", afirmou.

    "No surfe, você tem que sempre estar preparado para atacar em busca da vitória. Um detalhe faz a diferença", disse.

    Pupo montou até um tatame no quarto da sua casa, não só para a prática do jiu-jitsu, mas também para o treinamento físico.

    E não é só a luta que inspira Pupo. O surfista acompanha outros esportes individuais para se motivar em busca das vitórias no surfe.

    "O tênis também é muito psicológico. Às vezes o tenista tem que virar um jogo que é praticamente impossível. Ele tem que se recompor e seguir na linha. Esses esportes têm muito a acrescentar no surfe", afirmou.

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