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    Rivais na Libertadores, uruguaios marcaram história no São Paulo

    RAFAEL VALENTE
    DE SÃO PAULO

    25/02/2015 12h15

    Marco Aurélio Cunha/Arquivo Pessoal/2003
    Os uruguaios Diego Lugano, Darío Pereyra (de azul) e Pedro Rocha (à dir., de branco) em almoço promovido por Marco Aurélio Cunha
    Os uruguaios Diego Lugano, Darío Pereyra (de azul) e Pedro Rocha (à dir., de branco) em almoço promovido por Marco Aurélio Cunha

    O conselheiro do São Paulo Marco Aurélio Cunha tem uma história curiosa que resume a relação do São Paulo com o futebol uruguaio. Em 2003, então superintendente do clube, ele decidiu marcar um jantar reunindo Darío Pereyra, Pedro Rocha e Diego Lugano. O motivo foi nobre.

    Lugano era reserva e estava chateado no clube. Ao reunir o zagueiro com dois símbolos são-paulinos, como Pereyra e Rocha, Cunha esperava dar o empurrão que faltava.

    "Eu disse para o Lugano: você será marcante como eles foram para o São Paulo", conta sempre que é questionado sobre a história.

    O que aconteceu depois disso é conhecido. Lugano virou titular, conquistou Libertadores e Mundial e entrou para a galeria de ídolos do São Paulo.

    O zagueiro é um exemplo de sucesso entre os uruguaios são-paulinos. Veja histórias dos ídolos que vieram do país do rival desta quarta-feira na Libertadores, o Danubio.

    Pedro Rocha, um maestro
    Se a diretoria levasse a sério o começo nada empolgante de Pedro Rocha pelo São Paulo, em 1970, a torcida tricolor teria perdido um dos jogadores mais espetaculares da história do clube. Mas valeu o voto de confiança no meia, campeão de tudo com o Peñarol, para vê-lo brilhar no Morumbi.

    Pedro Rocha chegou ao São Paulo logo após o clube ter encerrado o jejum de títulos. A falta de sequência no time logo no início foi creditada há uma susposta perseguição de Gerson.

    Passou a ter papel de destaque a partir de 1972, já após a saída de Gerson, quando dividiu a artilharia do Campeonato Brasileiro com Dario, do Atlético-MG, ambos com 17 gols. Também neste ano levou o São Paulo a semifinal da Copa Libertadores. Dois anos depois ajudou a colocar o time na final –a taça foi perdida para o Independiente após três jogos.

    Até 1977 tinha no currículo dois títulos do Paulista (1971 e 1975), dois vices do Campeonato Brasileiro (1971 e 1973) e um da Copa Libertadores.

    Em 1977, ano do primeiro título nacional do São Paulo, vivia relação desgastada com o técnico Rubens Minelli. Foi campeão do Brasileiro, mas depois deixou o clube já desgastado, mas com a passagem eternizada.

    Forlán, a fome por títulos
    O esforçado e aguerrido lateral direito Pablo Forlán chegou ao São Paulo em 1970, quando tinha apenas 24 anos e trazia no currículo quatro títulos nacionais pelo Peñarol, uma Copa Libertadores e um Mundial Interclubes.

    Acostumado a vencer títulos, encontrou um São Paulo acostumado a não ganhar nenhum. Desde o Campeonato Paulista-1957, o clube tricolor não sabia mais o que era ser campeão.

    Um dos motivos foi o esforço financeiro da equipe para construir o estádio do Morumbi. O outro foi a força dos rivais como Santos, que tinha Pelé, e o Palmeiras, de Ademir da Guia, verdadeiros papa-títulos nos anos 1960.

    Forlán chegou e fez duas promessas que mexeram com o são-paulinos. Escolheu o Palmeiras como rival a ser odiado –assim como dizia ter feito com o Nacional na época em que defendia o Peñarol– e prometeu uma taça.

    A raça do uruguaio mexeu com a torcida. Os adversários, por outro lado, sofriam com as entradas do lateral direito, que era taxado como um jogador violento.

    Símbolo de entrega, ele ajudou o São Paulo a vencer o Campeonato Paulista-1970 e encerrar o jejum de títulos.

    Com o São Paulo venceu outros dois Estaduais, em 1971 e 1975. Chegou a ser convocado para a Copa do Mundo-1974, a última da sua carreira.

    Nos anos 1990 foi técnico do São Paulo, antecedendo Telê Santana, mas não repetiu o sucesso. A idolatria a Forlán foi resgatada em 2010 quando o ex-jogador disse à ESPN que gostaria de ver o filho, o atacante Diego Forlán, vestindo a camisa do São Paulo. Naquele ano, o jogador do Atlético de Madri havia sido o melhor da Copa do Mundo.

    Darío Pereyra, sofredor

    O uruguaio chegou ao São Paulo em 1977 após se destacar como meia no Nacional, mas esperou três anos para conseguir mostrar porque o investimento valeu a pena.

    Após sofrer com inúmeras contusões, falta de sequência na equipe tricolor e até ser questionado, Darío Pereyra conseguiu se firmar ao ser escalado pelo técnico Carlos Alberto Silva como zagueiro.

    Evelson de Freitas - 11.set.1997/Folhapress
    Dario Pereyra controla a bola durante treino do São Paulo em 1997
    Dario Pereyra controla a bola durante treino do São Paulo em 1997

    Foi a senha para o jogador agarrar a oportunidade e não sair mais do time. Formou dupla com Oscar e, no total, ficou 11 anos na equipe tricolor. Foram quatro títulos do Campeonato Paulista (1980, 1981, 1985 e 1987) e dois do Campeonato Brasileiro (1977 e 1986).

    Lugano, o líder da América

    O zagueiro Diego Lugano chegou ao São Paulo em 2003 com pouco destaque e trazendo na bagagem o peso de ter o rótulo de "homem do presidente", uma vez o mandatário Marcelo Portugal Gouvêa bancou a vinda do uruguaio.

    A vaga no time titular demorou para ser conquistada, mas já ao final de 2003 foi um dos destaques do São Paulo na campanha da Copa Sul-Americana –o time foi eliminado na semifinal para o River Plate, no Morumbi.

    A torcida se identificou bastante com o defensor ao conhecer melhor o estilo de jogo de Lugano. Jamais fugia de dividas, colocava a raça acima da habilidade e tinha como hábito não trocar de camisa com os adversários.

    Pablo La Rosa/Reuters
    O zagueiro Diego Lugano comemora gol do Uruguai abraçado por Diego Godin
    O zagueiro Diego Lugano comemora gol do Uruguai abraçado por Diego Godin

    O estilo viril do zagueiro fez com que o nome dele fosse exaltado em momentos que a torcida queria ver mais garra do time dentro de campo

    A melhor temporada de Lugani ocorreu em 2005. Apesar de não usar a faixa de capitão, teve voz ativa como líder do grupo e foi peça fundamental na conquista do Paulista, da Libertadores e do Mundial de Clubes, no Japão.

    Em 2006, após o vice da Libertadores, deixou o São Paulo rumo ao Fenerbahce, da Turquia. Como disputou 11 jogos do Campeonato Brasileiro-2006, recebeu a medalha como campeão daquele torneio.

    CONFIRA TODOS OS URUGUAIOS QUE JOGARAM NO SÃO PAULO

    Acosta - Graciano Acosta Torres
    Volante (29/071937 - 06/02/1938)

    Aguirre - Diego Vicente Aguirre Camblor
    Meia-atacante (15/07/1990 - 04/10/1990)

    Álvaro Pereira
    Lateral-esquerdo (desde 26/01/2014)

    Armiñana - Emilio Armiñana
    Meia (13/05/1930 - 28/06/1931)

    Carrasco - Juán Ramon Carrasco Torres
    Meio-campista (27/06/1990 - 10/10/1990)

    Darío Pereyra - Alfonso Darío Pereyra Bueno
    Zagueiro, Volante, Meia (11/12/1977 - 28/05/1988)

    Forlán - Pablo Justo Forlán Lamarque
    Lateral direito (01/05/1970 a 14/09/1975)

    Furtembach - Ruben Alfredo Furtembach
    Lateral esquerdo, Zagueiro (21/04/1985 - 09/07/1986)

    Gutiérrez - Daniel Gutiérrez
    Meia-direita (25/01/1936)

    Lugano - Diego Alfredo Lugano Moreno
    Zagueiro (11/05/2003 - 16/08/2006)

    Matosas - Gustavo Christian Matosas Paidón
    Meio-campista (03/06/1993 - 19/11/1993)

    Pedro Rocha - Pedro Virgílio Rocha Franchetti
    Meia-esquerda (27/09/1970 - 18/02/1978)

    Ramón - Ramón Vicente Jesus
    Volante (20/11/1941 - 28/06/1942)

    Squarza - Herculano Romulo Squarza
    Zagueiro (11/05/1940 a 04/01/1942)

    Urruzmendi - Eusebio Urruzmendi
    Atacante (07/07/1951 - 15/07/1951)

    Vega - Apparicio Vega
    Atacante (23/09/1934 - 24/03/1935)

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