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    Após avalanche de 2014, Everest tem nova rota mais segura para alpinistas

    JASON BURKE
    DO GUARDIAN

    26/02/2015 11h02

    Os alpinistas que tentarem escalar o Everest pela popular rota South Col, partindo do Nepal, seguirão um novo caminho a fim de evitar uma repetição da avalanche que matou 16 guias locais, no ano passado.

    A nova rota, estabelecida pelas autoridades locais, representa uma mudança ante o caminho seguido desde a primeira escalada da montanha mais alta do planeta, em 1953, e passa pelo centro da infame geleira de Khumbu, na encosta do Everest, em lugar de à sua esquerda, o ponto onde ocorreu a recente tragédia.

    Tulasi Prasad Gautam, diretor do Departamento de Turismo do governo do Nepal, disse que a nova rota ficaria muito mais próxima do centro da geleira, onde o risco de avalanche é considerado como significativamente menor.

    "Em resposta à avalanche do ano passado, estamos tentando tornar as escaladas do Everest um pouco mais seguras, deixando de lado a antiga rota", ele disse ao "Guardian".

    A avalanche do ano passado levou a um boicote dos sherpas, os guias nepaleses de alpinismo, e a um cancelamento de todas as expedições de escalada do Everest.

    A vasta maioria dos alpinistas, ao longo das décadas, se apegou à rota original do pioneiro Sir Edmund Hillary e de seu sherpa Tenzing, em 1953.

    O objetivo da mudança é limitar a exposição de todos os alpinistas, mas especialmente dos guias e dos carregadores, ao perigo causado pelos deslizamentos de neve e gelo, disseram autoridades nepalesas.

    Tipicamente, clientes estrangeiros que pagam até US$ 50 mil por uma oportunidade de chegar ao cume da montanha em expedições comerciais só passam uma ou duas vezes pela geleira - um letal amontoado de blocos de gelo e fendas formado quando a geleira de Khumbu desliza sobre os picos das encostas inferiores do Everest.

    Mas o pessoal das equipes locais de apoio faz múltiplas travessias da zona de risco.

    Os sherpas precisam encontrar e preservar uma nova rota pela geleira a cada ano, mas até o momento vinham seguindo a linha tomada pelos alpinistas da primeira escalada do Everest.

    Ang Dorji Sherpa, presidente do Comitê de Controle de Poluição de Sagarmatha, organização autorizada a estabelecer rotas para o Everest, disse que o perigo era inerente ao alpinismo.

    "Mas estamos tentando tornar a rota um pouco mais segura de modo a que haja menos risco", ele declarou.

    A decisão é a mais recente em uma série de iniciativas que buscam administrar as demandas conflitantes com relação à montanha de 8.848 metros de altura.

    Uma sugestão envolvia instalar uma escada no famoso Hillary Step, uma passagem crucial logo abaixo do pico, a fim de aliviar o congestionamento.

    Outras incluem introduzir cordas fixas separadas para os alpinistas que estão subindo e os que estão descendo a montanha, próximo do topo, a fim de ajudar a administrar o tráfego, e posicionar uma equipe de funcionários do governo no campo-base localizado a 5,3 mil metros de altitude, durante toda a primavera, a temporada de escaladas, a fim de monitorar os alpinistas e coordenar atividades com os líderes de expedições.

    Os funcionários poderiam ajudar a prevenir disputas e teriam o poder de revogar licenças de escalada e até de ordenar que alpinistas deixem a montanha.

    Os moradores locais podem faturar até US$ 5 mil por temporada trabalhando como guias na montanha, ou 10 vezes mais que a renda per capita do Nepal, mas procuram mais proteção e melhores condições de trabalho.

    O Everest agora fica muito lotado durante o auge da temporada de escalada, em abril e maio, quando as condições do tempo e da neve oferecem a melhor oportunidade de uma ascensão bem sucedida ao cume.

    Mais de quatro mil pessoas chegaram ao topo do Everest em 62 anos, e cerca de 800 delas devem tentar a escalada este ano.

    Das 250 pessoas que morreram no pico, cerca de 40 morreram na geleira.

    As autoridades recentemente reduziram as taxas cobradas pelo governo por tentativas de galgar a montanha pela clássica rota do South Col, na temporada de pico, de um máximo de US$ 25 mil para um valor fixo de US$ 11 mil por alpinista.

    O objetivo era desencorajar "grupos formados artificialmente, nos quais o líder nem mesmo conhece alguns dos integrantes... e promover escaladas responsáveis e sérias".

    A taxa para escalada no outono ou por outra rota, uma missão muito mais difícil, pode ser de apenas US$ 2,5 mil.

    Alguns alpinistas vêm resistindo à "comercialização" cada vez maior do Everest e, em geral, do alpinismo no Nepal.

    Mas o esporte é um componente importante do turismo que responde por cerca de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) em um país empobrecido.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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